quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O CHORO DE CABRAL E OS FILHOS DOS OUTROS.

Sérgio Cabral, Governador do Rio, pede o fim das manifestações na porta da sua casa, em nome de seus filhos. E em nome dos filhos de Amarildo? E em nome dos filhos dos professores do estado do Rio, que são roubados diariamente com um piso salarial humilhante? E em nome dos nossos filhos sofrendo nas filas das UPA’s? Em nome de todos os filhos, que não são filhos dos financiadores da campanha de Cabral, peço o fim deste Governo e sua tentativa de nos assolar com seu pé grande.
           
           Sérgio Cabral decidiu fazer pedidos e o seu grande pedido foi o fim das manifestações na porta da sua casa, na Zona Sul do Rio, e a sua justificativa me deixa ainda mais consternado, principalmente com a falta de razão do governador e da sua inércia mental, e claro, o pior, a sua impressão de que o mundo a sua volta não existe. Em entrevista coletiva,  Sérgio Cabral, pede o fim das manifestações na porta do seu lar, com se pode ver no vídeo ao lado, e pede isso pelo seus filhos. Declara ainda que a porta da sua casa é um lugar importante, e que em nome da sua família, quase suplicava para que não houvesse mais manifestações em frente ao prédio onde mora.

Ora, Governador, pelos seus filhos? E pela minha filha? O que eu poderia lhe pedir? E em pelos filhos de tantos outros cariocas que tem sido assaltados por seu governo? Vamos ao exemplo, e os filhos dos professores da rede estadual de ensino? Esses filhos são muito mais atormentados do que os seus Governador, pois são vítimas de um sistema absurdo que assola a educação deste estado com pisos salariais vergonhosos e um sistema pedagógico falido e sem a menor democracia.

E os filhos do cidadão do Estado do Rio de Janeiro, que estudam no colégio público estadual, e não tem professores, vivem com a falta de estrutura escolar e assistem dia a dia a falência do ensino público bancado pelo senhor Governador.

E os filhos do Amarildo? Mais uma vítima da sua polícia, que representa os interesses do seu governo em oprimir o pobre, enquanto o senhor alimenta a mesa dos empreiteiros, que lhe cobram o preço de lhe financiar nas suas campanhas eleitorais milionárias. Os filhos do Amarildo são apenas números na conta de um governo que não se importa com nada e nem com ninguém. Um governo que passeia em Paris enquanto as UPA’s estão lotadas, enquanto as UPP’s somem com pessoas inocentes, enquanto seus aliados se apossam dos setores públicos, os saqueando e sucateando, que diga o DETRAN.

E a mãe que perdeu sua filha em Campo Grande? O que ela pode pedir ao senhor Governador? Nada, sua filha morreu, e nunca o senhor em nome dela, ou de qualquer outra criança se importou com aquele local, onde vazamentos já tinham ocorrido. Mas lá o Papa não passa, e nem tem jogo da Copa. Quanto custa a CEDAE? A vida da menina? Para o senhor e seu vice com cara de ponto de interrogação, tudo vale, principalmente o silêncio.

Em nome de muitos filhos, lhe ordeno que trabalhe para que os hospitais funcionem, que a EDUCAÇÃO seja tratado com respeito, que o professor seja valorizado, que a segurança seja para todos, que a Aldeia seja dos índios, que o Maracanã seja do povo e que o senhor acorde para as reais necessidades do nosso estado.

O brilhante jornalista da ESPN, Lúcio de Castro publicou essa semana um artigo que se inicia com um poema de Nicolás Guillén, que fala do choro da burguesia, e me fez pensar, e gostaria de compartilhar no final desta postagem um trecho deste poema, assim como o artigo de Lúcio (clique aqui). O choro de Cabral ao me comove, e não comove a ninguém, pois não passa de uma falácia moral. Tanto não comove que no mesmo dia da sua entrevista pessoas começaram a acampar na calçada em frente ao prédio de Cabral no Leblon.

Tenho uma filha, e em nome dela faço muitas coisas, e deixo de fazer outras. E em nome dela, Governador, quero lutar pelo seu fim, pela sua derrota. Pelo futuro dela, quero permanecer no combate pelo fim de governos como o seu, pelo fim da sua polícia, e pelo fim desta gestão regada a corrupção e a agrados para com seus amigos, em troca de benefícios financeiros eleitorais. Percebe-se portanto que de acordo com os atos de Cabral, estamos ajudando na educação de seus filhos. É de suma importância para eles, entenderem que o mundo além das belas janelas do Leblon, existe e clamam por mudanças. É muito importante ensinarmos para os filhos do Cabral que a vida não é andar de helicóptero as custas do povo, nem de empreiteiros, quem emprestam seus jatinhos.

Em nome de todos os filhos, o seu choro, por mais falso que seja, apenas me prova que estamos no caminho certo.


"Não me dão pena os burgueses
vencidos. E quando penso que vão me dar pena,
aperto bem os dentes e fecho bem os olhos.
Penso em meus longos dias sem sapatos nem rosas.
Penso em meus longos dias sem abrigos nem nuvens.
Penso em meus longos dias sem camisas nem sonhos.
Penso em meus longos dias com minha pele proibida.
Penso em meus longos dias".

("Burgueses", de Nicolás Guillén)



4 comentários:

  1. Meu nobre amigo, tenho prazer e honra em tê-lo como tal, expresso minhas gratificações por seu texto maravilhoso, que transmite ao povo o sentimento de vergonha e asco pela gestão do Governador Sergio Cabral. Tenho fé, que conseguiremos um dia, banir da vida publica pessoas que nunca mereceram fazer parte dessa massa que comanda nosso País. Só peço que vigie e conte comigo para divulgar notícias que abriram a cabeça e os olhos do nosso sofrido e maltratado povo carioca e brasileiro. Não podemos deixar o Cabral banalizar e marginalizar o governo do estado do Rio de Janeiro com a futura eleição do seu amigo e mafioso "PÉ GRANDE". Conte comigo nessa jornada e parabéns mais uma vez pelo seu texto.

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  2. Brilhante texto Samuel.Que Cabral saia.Mais uma pergunta fica no ar:quem seria pessoa ideal para assumir o lugar dele?Muitos o que protestam ainda não deu essa resposta.Se for optar pelo voto nulo,já é uma resposta.Uma resposta coerente.Mas se optar por Lindberg,acho que é incoerente.Um abraço

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