Na última postagem da nossa série, vamos as conseqüências
da Ditadura, e a herança que temos até hoje em nosso país. A passividade com
que vemos as coisas é uma das heranças da Ditadura. Façamos uma reflexão da
nossa democracia e suas falhas. Mas ainda é melhor ela, do que as tortura dos
generais.
Nas últimas quatro postagens falamos apenas
sobre o Regime Militar. A intenção foi simples, não deixar cair no esquecimento
o que significou a Ditadura Militar. O tempo pode passar, mas as marcas não
foram, nem podem ser apagadas.
Muito se fala do futuro deste país, mas muito
rapidamente se esquece do seu passado, e podemos com ele aprender muito, para
que o que ainda está por vir.
No facebook, um grande amigo, me indagou
sobre a democracia existente no Brasil, perguntou se eu acredito nela. Não, eu
não acredito nesta democracia. Porque na verdade ela tem momentos democráticos,
mas o poder não está na democracia. As eleições por exemplo estão nas mãos
daqueles que têm dinheiro, e somado com um povo sem educação, está feito a
desgraça. A eleição ela é uma arma da democracia, mas no Brasil, assim como em
outros lugares do mundo, tem seus mecanismos alterados para beneficiar
bandidos, que por trás da democracia, e em detrimento do povo, tomam conta
deste país e governam em benefícios próprios ou em benefício de seus amigos.
Apesar de entender que a democracia em que
vivemos é falha, ela ainda é o que temos, e pelo menos ainda podemos dizer o
que pensamos. Podemos ter opiniões e expressá-las, mesmo que atualmente,as
pessoas estejam sendo julgados por suas opiniões. Na democracia respeitamos as
posições das pessoas, mesmo que não concordemos com elas. Não quer dizer que
precisamos seguir suas opiniões, mas a respeitamos. Na democracia temos
liberdade para pensar, e para agir, dentro das limitações impostas pelo respeito
ao próximo. Mas não é bem isso que vemos, mas é assim que ela deveria
funcionar.
Para um país realmente exercer o âmago da
democracia é importante acima de tudo educação. Na Ditadura Militar, não só a
liberdade nos foi retirada, mas alguns dogmas foram colocados e persistem até
hoje. Um povo sem educação, e que não consegue entender o significado da
importância dela, acaba gerando gerações deficientes, em todos os sentidos. Com
a repressão, a capacidade do senso crítico foi grandiosamente atingida. As
pessoas não conseguem discernir seus problemas de maneira crítica, e quando
conseguem, são atacados pela grande herança do Regime Militar, a passividade.
Talvez sejamos o povo mais pragmático do mundo. Vivemos o momento, e por muitas
vezes não entendemos que nossas ações hoje, selam o nosso futuro.
Outra herança da Ditadura Militar é a idéia que
se apresentou na sociedade que a contestação é algo errado. A manifestação
então é baderna, ato de quem não tem o que fazer. Se alguém pensa, e vive
realmente seu senso crítico, é um revoltado, não merece crédito. Tem sempre
aquele termo:”Querem tumultuar”. O jovem passou a ser rotulado como rebelde, e
com o passar do tempo, acabou sendo. A rebeldia durante o Regime, era contra a
ordem, mas que ordem? A dos militares.A nossa sociedade é hipócrita, e gosta de
ser assim. Gosta de criticar quem fala algo, mas não se movimenta para mudar as
coisas. Prefere ver a novela, que reflete a esperança de dias melhores, ou da
riqueza de mocinhos, que tanto a população queria ter, e nunca terá. O
brasileiro gosta de fugir da realidade, porque na verdade não quer ser o que é.
Idolatra o que vem de fora, e isso aumentou muito nos “anos de chumbo”.
Idolatramos os Estados Unidos. Sua língua e sua cultura estão aqui no Brasil,
nos escravizando e definindo muitas vezes nosso modo de vida. O Estados Unidos
é um capítulo a parte. Esteve envolvido diretamente no Golpe Militar de 1964,
financiando e dando suporte para tal. Os presidentes militares sempre fizeram a
vontade dos americanos.
Os militares em suma, na minha opinião, não
deixou nada que presta. Como herança, além do que já citei, também existe um
endividamento externos grandioso do país, decorrente da construção de grandes
obras com licitações forçadas para
grupos de grandes empreiteiros que juntamente com grandes empresas financiaram
o Golpe de Estado. Parecido com o que Sérgio Cabral faz no Rio de Janeiro.
Encerramos assim a nossa série de postagens
sobre a Ditadura. Encerro sabendo que o medo de algo parecido acontecer
novamente é mínimo, mas que não podemos esquecer. Temos ainda que julgar esses
assassinos que estão soltos. Milhares de pessoas foram torturadas, mortas e desaparecidas.
Mas nunca esquecidas. A ativação da Comissão da Verdade pode, quem sabe colocar
luz a muitas histórias tenebrosas escondidas nos porões da Ditadura. Quem sabe
isso não acontece. É uma esperança, apesar que depois de muita tortura, a
esperança, não morreu, e persiste, graças a Deus, em existir e morar no Brasil.
Acesse também as outras partes da série: "A Longa noite dos generais", é só clocar abaixo:
Sérgio Cabral está cuidando muito bem do Rio de Janeiro. Nunca vi tanta mudança positiva em muitos anos.
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