quarta-feira, 24 de julho de 2013

A SAGA DE TENTAR SER ATENDIDO EM UMA UPA - SEM MÉDICOS E COM MENTIRAS.


No dia 13 deste mês tive que ir na UPA de Duque de Caxias, e com um tempo estimado de espera de mais de 9 horas, deu para perceber as deficiência de um sistema mentiroso de saúde. A UPA além de ser mais uma mentira de Cabral e companhia é também um curral, onde os animais são marcados, mortos e servidos na mesa de uma burguesia covarde, que não quer médico para pobre, mas que não precisa usar as filas de uma morte lenta.

Dá para sobreviver com um tempo estimado de atendimento desse?

No último dia 13 de Julho decidi por algo muito importante na vida de uma pessoa. Ir a UPA, ou não ir? Talvez seja essa uma das decisões mais sérias na vida de um homem, pois você pode estar escolhendo passar seus últimos dias em um sofrimento sem igual. Guardadas os devidos exageros, vamos a minha triste história. Neste dia 13, depois de já estar passando mal durante outros três duradouros dias, decidi ir a UPA. Fica perto da minha casa em Duque de Caxias, e com o acompanhamento da minha esposa a coisa ficaria mais fácil. Antes de sair de casa, pedi a ela para levar a câmera, já imaginando que algo poderia acontecer, e aconteceu.

Chegando até a UPA (Unidade de Péssimo Atendimento), logo percebi que a noite não seria das melhores. Logo de cara, a televisão que serve como monitor avisava que a espera por um atendimento era de mais de 7 horas. Não me assustei logo de cara, pois minha atenção se arremeteu para um senhor que reclamava a gritos. Ele alegava que estava lá a mais de 4 horas, e sem atendimento, iria sair dali direto para uma delegacia, para fazer um boletim de ocorrência. Logo outros presentes ao verem aquela manifestação, deram palavras de apoio ao pobre coitado que fatalmente não votará no Cabral. O então revoltado foi embora e eu fui chamado na recepção, onde uma moça sem nem se quer sentar, confirma o nome da minha mãe. Feito isso volto para o meu lugar e espero ser chamado pela “Classificação de Risco”. Passa algum tempo e sou chamado até esse medonho local. Não fui mal atendido por lá não, mas recebi uma pulseirinha, que no futuro da minha epopeia, descubro que significa que não sou, vamos dizer assim, o mais bem cotado na escala de prioridade. Agora além de doente, sou marcado, oh vida de gado.

O tempo começa a passar, e as dores aumentam, a febre aumenta,e  a minha paciência diminui. Minha esposa, então, ao meu pedido, saca a câmera e tira uma foto do monitor. Logo os olhares dos guardas, que são muitos a mais do que médicos, começam a nos intimidar. Na segunda foto, um guarda se dirige até nós dizendo que não poderíamos tirar foto algum naquele local, pois ele é público. Respondo então dizendo, que se é público é meu, e tiro foto do que é meu. Peço a ele também que ele me mostre a lei que me proíba de tirar a foto do monitor, que naquele momento já dizia que o tempo de espera para atendimento excedia as 8 horas. O guarda muito desconcertado decide me dizer que se eu quiser posso chamar uma viatura para reclamar os meus direitos. Não entendi sua indagação. Será que ele já estava me dizendo de ante mão que o que estava ocorrendo era errado? Acho que sim, então percebo que logo, as coisas não estão tão ruim assim, essa situação do guarda apenas prova de que todos já sabem que as enormes filas das UPA’s é ilegal, ou melhor dizendo, imoral.

O tempo passa ainda mais, e os atendimentos param. Já são mais de 9 horas estimada para um atendimento, segundo o monitor. A casa ainda estava cheia a bateria da câmera já tinha ido para o espaço, mas as reclamações aumentavam de maneira acelerada. A insatisfação já era insuportável e pessoas choravam na fila. Não bastando as pessoas estarem doente, marcadas, e desesperadas, elas também tiveram a necessidade de ficar em pé. Como assim? É isso mesmo, de uma hora para outra, uma pessoa entra por uma porta e volta a chamar os nomes das pessoas que estavam esperando. Depois dirigi essas pessoas até a porta do consultório, onde as pessoas foram instruídas a ficarem em pé até terem autorização de entrarem para o atendimento. Mas porque? Isso já não deveria acontecer, mas com as pessoas sentadas? Seria  essa ordem o medo de fotos, e da comprovação de que a falta de médicos deixa a UPA ainda mais cheia?

O sofrimento porém não tinha acabado. Depois do atendimento com o médico, fatalmente se passa por algum exame, que pode demorar em torno de até 3 horas para ficar pronto. Durante a minha medicação, passada pelo médico, não deu para esconder o espanto, ao ouvir das enfermeiras, que atendiam, uma conversava que revelava a falta de luvas para o atendimento e remédios para s medicações. Inclusive as luvas usadas naquele momento pelas enfermeiras já eram de tamanho inadequado.

Depois de mais de 4 horas dentro da UPA, e eu acho que dei sorte ainda, fui embora com um receita e algumas cartelas de “amoxicilina”. Outras pessoas ficaram mais tempo, e algumas desistiram do atendimento. Essa situação não é apenas uma exclusividade de Duque de Caxias. As UPA’s espalhadas pelo Rio de Janeiro estão todas assim, e para comprovar, basta dar uma passadinha em uma delas, e logo as pessoas poderão comprovar que a situação é um caos. A UPA nada mais é, do que o reflexo de um sistema de saúde falho e assassino, utilizado como manobra por Cabral para esconder uma das suas maiores deficiências. Ver tantas pessoas sem atendimento e a falta de médicos me fez recordar muita coisa que tenho lido nas redes sociais, principalmente com relação ao fato de se trazer médicos de outro local. Quem fica nas filas e sofrendo percebe claramente que o debate é muito mais simples do que se imagina, e que a classe médica é muito mais complicada do que se sabe. A máfia em torno do sistema de saúde é altamente condenável, e o sistema privado desnecessário, diante da obrigação do estado levar até as pessoas uma saúde qualidade. Mas ela existe e determina de uma certa maneira o bom funcionamento do sistema público. O debate é maior também, e não pode ser deixado o lado humano cerne da questão. As pessoas estão morrendo, e precisamos de médicos. Mas é fácil criticar, quando quem faz a crítica usa o sistema privado, sem a necessidade de sentir e usar as filas e as macas frias de um sistema corrupto bancado, e muito, pela inoperância, irresponsabilidade e interesse da classe médica brasileira, não generalizando, é claro. Precisamos de mais de tudo, e de menos discurso de uma galera direitista que não sabe a diferença entre Hábeas Corpus e Corpus Christi.


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