No dia
13 deste mês tive que ir na UPA de Duque de Caxias, e com um tempo estimado de
espera de mais de 9 horas, deu para perceber as deficiência de um sistema
mentiroso de saúde. A UPA além de ser mais uma mentira de Cabral e companhia é
também um curral, onde os animais são marcados, mortos e servidos na mesa de
uma burguesia covarde, que não quer médico para pobre, mas que não precisa usar
as filas de uma morte lenta.
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Dá para sobreviver com um tempo estimado de atendimento desse? |
No último dia 13 de Julho decidi por algo muito importante
na vida de uma pessoa. Ir a UPA, ou não ir? Talvez seja essa uma das decisões
mais sérias na vida de um homem, pois você pode estar escolhendo passar seus
últimos dias em um sofrimento sem igual. Guardadas os devidos exageros, vamos a
minha triste história. Neste dia 13, depois de já estar passando mal durante
outros três duradouros dias, decidi ir a UPA. Fica perto da minha casa em Duque
de Caxias, e com o acompanhamento da minha esposa a coisa ficaria mais fácil.
Antes de sair de casa, pedi a ela para levar a câmera, já imaginando que algo
poderia acontecer, e aconteceu.
Chegando até a UPA (Unidade de Péssimo Atendimento), logo
percebi que a noite não seria das melhores. Logo de cara, a televisão que serve
como monitor avisava que a espera por um atendimento era de mais de 7 horas.
Não me assustei logo de cara, pois minha atenção se arremeteu para um senhor
que reclamava a gritos. Ele alegava que estava lá a mais de 4 horas, e sem
atendimento, iria sair dali direto para uma delegacia, para fazer um boletim de
ocorrência. Logo outros presentes ao verem aquela manifestação, deram palavras
de apoio ao pobre coitado que fatalmente não votará no Cabral. O então
revoltado foi embora e eu fui chamado na recepção, onde uma moça sem nem se
quer sentar, confirma o nome da minha mãe. Feito isso volto para o meu lugar e
espero ser chamado pela “Classificação de Risco”. Passa algum tempo e sou
chamado até esse medonho local. Não fui mal atendido por lá não, mas recebi uma
pulseirinha, que no futuro da minha epopeia, descubro que significa que não
sou, vamos dizer assim, o mais bem cotado na escala de prioridade. Agora além
de doente, sou marcado, oh vida de gado.
O tempo começa a passar, e as dores aumentam, a febre
aumenta,e a minha paciência diminui.
Minha esposa, então, ao meu pedido, saca a câmera e tira uma foto do monitor.
Logo os olhares dos guardas, que são muitos a mais do que médicos, começam a
nos intimidar. Na segunda foto, um guarda se dirige até nós dizendo que não
poderíamos tirar foto algum naquele local, pois ele é público. Respondo então
dizendo, que se é público é meu, e tiro foto do que é meu. Peço a ele também
que ele me mostre a lei que me proíba de tirar a foto do monitor, que naquele
momento já dizia que o tempo de espera para atendimento excedia as 8 horas. O
guarda muito desconcertado decide me dizer que se eu quiser posso chamar uma
viatura para reclamar os meus direitos. Não entendi sua indagação. Será que ele
já estava me dizendo de ante mão que o que estava ocorrendo era errado? Acho
que sim, então percebo que logo, as coisas não estão tão ruim assim, essa
situação do guarda apenas prova de que todos já sabem que as enormes filas das
UPA’s é ilegal, ou melhor dizendo, imoral.
O tempo passa ainda mais, e os atendimentos param. Já são
mais de 9 horas estimada para um atendimento, segundo o monitor. A casa ainda
estava cheia a bateria da câmera já tinha ido para o espaço, mas as reclamações
aumentavam de maneira acelerada. A insatisfação já era insuportável e pessoas
choravam na fila. Não bastando as pessoas estarem doente, marcadas, e
desesperadas, elas também tiveram a necessidade de ficar em pé. Como assim? É isso
mesmo, de uma hora para outra, uma pessoa entra por uma porta e volta a chamar
os nomes das pessoas que estavam esperando. Depois dirigi essas pessoas até a
porta do consultório, onde as pessoas foram instruídas a ficarem em pé até
terem autorização de entrarem para o atendimento. Mas porque? Isso já não
deveria acontecer, mas com as pessoas sentadas? Seria essa ordem o medo de fotos, e da comprovação
de que a falta de médicos deixa a UPA ainda mais cheia?
O sofrimento porém não tinha acabado. Depois do atendimento
com o médico, fatalmente se passa por algum exame, que pode demorar em torno de
até 3 horas para ficar pronto. Durante a minha medicação, passada pelo médico,
não deu para esconder o espanto, ao ouvir das enfermeiras, que atendiam, uma
conversava que revelava a falta de luvas para o atendimento e remédios para s
medicações. Inclusive as luvas usadas naquele momento pelas enfermeiras já eram
de tamanho inadequado.
Depois de mais de 4 horas dentro da UPA, e eu acho que dei
sorte ainda, fui embora com um receita e algumas cartelas de “amoxicilina”. Outras
pessoas ficaram mais tempo, e algumas desistiram do atendimento. Essa situação
não é apenas uma exclusividade de Duque de Caxias. As UPA’s espalhadas pelo Rio
de Janeiro estão todas assim, e para comprovar, basta dar uma passadinha em uma
delas, e logo as pessoas poderão comprovar que a situação é um caos. A UPA nada
mais é, do que o reflexo de um sistema de saúde falho e assassino, utilizado
como manobra por Cabral para esconder uma das suas maiores deficiências. Ver tantas
pessoas sem atendimento e a falta de médicos me fez recordar muita coisa que
tenho lido nas redes sociais, principalmente com relação ao fato de se trazer médicos
de outro local. Quem fica nas filas e sofrendo percebe claramente que o debate
é muito mais simples do que se imagina, e que a classe médica é muito mais
complicada do que se sabe. A máfia em torno do sistema de saúde é altamente
condenável, e o sistema privado desnecessário, diante da obrigação do estado
levar até as pessoas uma saúde qualidade. Mas ela existe e determina de uma
certa maneira o bom funcionamento do sistema público. O debate é maior também,
e não pode ser deixado o lado humano cerne da questão. As pessoas estão
morrendo, e precisamos de médicos. Mas é fácil criticar, quando quem faz a crítica
usa o sistema privado, sem a necessidade de sentir e usar as filas e as macas
frias de um sistema corrupto bancado, e muito, pela inoperância,
irresponsabilidade e interesse da classe médica brasileira, não generalizando, é
claro. Precisamos de mais de tudo, e de menos discurso de uma galera direitista
que não sabe a diferença entre Hábeas Corpus e Corpus Christi.
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