O Brasil parou, e o Rio de Janeiro ontem fez uma
das maiores manifestações da sua história. Estive lá, e tento contar em
detalhes um pouco da minha observação. Houve excessos, que mesmo assim, podem
ter sido implantados pelo governo para manchar o movimento. O importante é que
o Brasil está mudando, e o movimento em amplo crescimento. O país vai parar de
novo e com mais força. Vem pra rua, porque é nela que mudaremos esse país.
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Rio de janeiro na noite de ontem. Com certeza muito mais de 100 mil pessoas. |
Um dos maiores momentos da história
do país. É assim que defino o momento em que vivemos no Brasil. No dia de ontem
tive a oportunidade de viver um dos melhores momentos da minha vida. E isso se
deve ao fato simples de que me senti parte do meu país. Parte de um movimento
além do imaginável, e que ontem parou o Brasil. No meio da passeata, não se
sentia outra coisa além do sentimento de que aquele momento era histórico.
Quem chegava as 16 horas na
Candelária, não conseguia imaginar o tamanho do gigante que aquilo viraria. Palavras
de ordem, aglomerações, atos, acontecia de tudo. E quando você olhava para
atrás, a praça já estava ainda mais cheia. Sem perceber direito, ao olhar para
o lado, a Presidente Vargas, já estava tomada e fechada. Antes de escurecer, a
passeata já saia. Ao virarmos para Avenida Rio Branco, e avistar a Presidente
Vargas novamente, conseguia ver que milhares de pessoas se deslocavam para a
manifestação. Não se podia mais negar que as coisas ficariam como antes.
Durante a caminhada na Av. Rio Branco, não se tinha pressa. Pessoas olhavam dos
prédios, e eram convidadas a descer, e desciam. Outros que não desciam, eram
convidados por um coro de milhares, a apoiar piscando as luzes, e era isso que
faziam. A cada esquina, a cada olhar, a cada movimento, ficava evidente que não
era algo comum que estava rolando.
Decidi portanto, passear pela manifestação, e analisar as pessoas, e suas
faixas, seus cartazes. Não vi apenas a juventude. Pessoas idosas participavam
com uma facilidade espantosa. Pessoas de terno e gravata, que acabavam de sair
de seus trabalhos. Populares dos mais variados lugares. Conversei com muitos,
que falavam de onde vinham, e vinham de todos os lugares do Rio e Grande Rio. Logo,
ao se perceber pelos muitos helicópteros, que o país estava vendo. Ao chegar na
Cinelândia, em frente ao Teatro Municipal, a emoção tomava conta das pessoas. E
uma parada foi feita para se decidir aonde ia o movimento, mas não era só isso.
Ainda tinha muita gente caminhando pela Rio Branco. Ao buscar uma foto melhor,
subi em um lugar mais alto, e apesar de não conseguir tirar uma foto, percebi,
que a coisa era muito maior. A foto que vemos hoje nas redes, dá uma exata e
clara idéia, de que não tinham ali 100 mil, como divulga a Globo, era muito
mais.
Na própria Cinelândia se viu um fato,
que mostrava que uma minoria, queria estragar as cosias. Um grupo de três
pessoas atearam fogo a bandeira do Brasil, e logo forma expulsos do movimento.
Decidido ir para a ALERJ, as pessoas começaram a caminhar de novo. Neste mesmo
caminho, duas pessoas começaram a pichar muros, e foram reprimidos por
manifestantes. O caminho era feito, e as notícias se espalhavam. A essa altura
já se sabia que o Congresso Nacional tinha sido invadido, e isso inflava ainda
mais as pessoas.
Ao chegar na ALERJ tudo estava calmo,
as palavras de ordem continuavam. O diferente, é que fogos de artifício agora
eram soltados. Em um primeiro momento, nada aconteceu, Dava para observar que
estava assustando a Polícia, que com pouco contingente cercava a ALERJ. Uma
outra bomba mais forte foi solta , e aí, as luzes foram apagadas na Assembléia
Legislativa, e a polícia se movimentou. As balas de borracha cantaram, e a
correria começou. Não me movimentei logo de cara, mas na medida que os olhos
começaram a arder, decidi sair. Mas no meio do caminho, alguém gritou, “NÃO CORRE,
VAMOS FICAR”. E as pessoas ficaram, e o melhor, e pior ao mesmo tempo, elas
voltaram e com força.
Essas pessoas voltaram, e não tiveram
medo. Mas vale a pena lembrar que essa mesma polícia, é aquela que na última
semana botou pra quebrar contra os manifestantes. É a mesma polícia que diante
de uma manifestação pacífica, como a ocorrida em frente ao Estádio do Maracanã,
partiu para dentro sem motivo. É a mesma polícia que trancou a Quinta da Boa
Vista, com manifestantes dentro, e jogou bombas em famílias que lá estavam, sem
saber onde estavam crianças e velhos. Essa mesma polícia, agora corria. E essa
corrida também trouxe os infiltrados, que ao meu ver tem ligações diretas com o
Governo do Estado, esses mesmos decidiram começar a quebrar coisas.
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Como essa senhora estava ameaçando esse policial? E depois, quem são os vândalos? |
O que poucos contam, e não será a
televisão, é que a polícia reagiu sim, e com balas de verdade. Em meio a bombas
de efeito moral e muito gás, um rapaz era arrastado para fora da manifestação
com um tiro no joelho, e a bala não era de borracha. A tensão voltava, e por
trás da ALERJ, a polícia atirava, mas foi repelida. O tempo ia passando, e
muitas pessoas se aglomeravam na lateral da ALERJ, e um bom grupo tentava
negociar com a polícia a retirada do policial ferido. Em um determinado
momento, veio a notícia de que um manifestante tinha tomado um tiro no ombro. O
papo portanto, de que a polícia não agiu para evitar confronto é mentira, ela
foi é duramente expelida. As pessoas diferentemente das outras vezes, não saiam
de suas posições, mesmo a grande esmagadora maioria não apoiando os protestos.
O carro que foi queimado já tinha
sido apagado, e ao som de vaias, os que tacaram fogo no carro foram retirados.
Bandeiras partidárias eram sendo expulsas do movimento. E como tempo ia
passando as pessoas iam indo embora, e a galera da bagunça foi ficando e agindo.
A minha opinião é de que não sou a
favor da depredação de bens públicos, apesar de achar que a ALER já virou algo
privado, e os seus donos, são os maiores bandidos do Estado do Rio de Janeiro.
Acredito que tenha gente séria por lá, mas é uma minoria tão covarde que não
grita, com a exceção de muitos poucos. Não sou a favor de quebrar tudo, mas o
que ocorreu no Rio ontem, foi também uma reação diante de tudo que a Polícia
Militar fez nos últimos dias. Agiram errado, não tenho dúvidas, mas o medo que
eu tinha ao voltar para casa, não se confirma. Pensava no ônibus que o
movimento poderia ser arrebentado nessas ações, mas não ocorreu. O movimento
vive e cresce. Muitas cidades se organizam e vão para as ruas. Não tenho
dúvidas que a coisa não para por aí. O país parou e vai parar muito mais nas
próximas semanas.
Amanhã, aqui no blog, farei uma
análise do movimento. Como se organizou, suas falhas e sua positividade.
Falaremos também nos próximos passos. Acesse, comente, e nos compartilhe. Um
abraço. Abaixo mais fotos desse dia histórico, memorável, e espetacular.
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