sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

EM SORTEIO DA COPA FIFA, NEGRO NÃO TEM VEZ.

Por Antônio Sérgio -
Barra do Piraí

A morte de Mandela nos faz pensar algumas coisas, e até a repensar o meio em que vivemos as novelas que assistimos, comerciais de TV, enfim, a pífia participação do negro na mídia.

Em apresentação de Copa do Mundo negro não entra! Querem que o negro brasileiro fiquem em seus estereótipos!

Ola amigos leitores do blog, depois de um breve período estou de volta, peço desculpas pelo tempo ausente, mas muito afazeres me consumiram o tempo e a disponibilidade para escrever. Bem, muita coisa aconteceu em Barra do Piraí nestes dias, entretanto quero falar de um assunto que tomou o mundo nestes dias que é a despedida da humanidade de seu ultimo herói vivo, Nelson Mandela.

A morte de Nelson Mandela deixa uma grande lacuna, e acredito que essa lacuna é maior ainda no Brasil, pois vimos na semana passada algo que entristeceu muito a comunidade negra brasileira, que foi a imposição por parte da FIFA da escolha de um casal branco, loiro, para apresentar o sorteio da copa do mundo de 2014. Com muita indignação eu fiquei quando vi pela TV a presidente Dilma discursando em homenagem a Nelson Mandela na África do Sul, pois logo pensei que se ela considera realmente Mandela um herói, se gosta de sua luta, por que não lutou junto a FIFA pela presença de pelo menos um negro apresentador no sorteio da Copa? Já que no Brasil cerca de 40% de seus habitantes se consideram ou dessa cor ou descendentes desses (pardos)?

O evento seria apresentado por Camila Pitanga e Lázaro Ramos, mas a dupla teria sido vetada pela FIFA e substituída por Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert.

Casal loiro, de olhos claros. A Rede Globo, dona dos direitos de transmissão da Copa na TV aberta, acatou a decisão da FIFA. É compreensível. Há anos a Globo contribui para a construção de uma imagem estereotipada dos negros. Normalmente aparecem em papéis subalternas suas novelas (como os de empregada doméstica, porteiros, bandidos, ou como a empregada “boazuda” que o filho do patrão quer traçar mas sem romantismo ou direito a música romântica de fundo, afinal de contas é inegável que a mulher negra é gostosa, mas é só isso). Na melhor das hipóteses, são associados à dança, ao samba, à sensualidade. Como no concurso que premiou a volta redondense Nayara Justino.

Nayara disse em uma entrevista que o posto de Globeleza é a realização de um sonho para ela e disse também que desde menina dançava na frente do espelho, sonhando com esse dia. Com seu trabalho, vai alimentar as ilusões de outras meninas que estão conhecendo o mundo pela televisão, principalmente pela Rede Globo, que é a emissora mais assistida.

As menininhas negras brasileiras assistiram à cerimônia do sorteio e viram que os apresentadores do evento têm uma cor bem diferente da delas. Perceberão, também, que as jornalistas do Jornal Nacional e a maioria das heroínas das novelas são brancas. Entre um programa e outro, assistirão a comerciais de xampu para mulheres com cabelos diferentes dos delas, fazendo-as acreditar que há algo de errado com o próprio cabelo e por mais incrível que pareça nunca verão um negro nem comercial de escovas de dentes!

Será que eles pensam que nós negros não escovamos os dentes? É o cúmulo!

 Em meio a essa profusão de rostos brancos e cabelos lisos surge a Globeleza para encantar essas crianças. Como uma fada dizendo às pequenas negras que elas também podem brilhar.

Pela forma com que a mídia tem tratado o negro, com aumentos irrelevantes da presença na dramaturgia, no jornalismo e na publicidade, a Nayara vai herdar o papel das suas antecessoras e inspirar outras meninas a alimentar o clichê de que negra bonita só pode ser passista.

Por essas e outras costumo dizer que os negros norte americanos e sul africanos foram abençoados como preconceito e a perseguição escancarada da elite branca em seus países. Pois essa perseguição levou os negros desses países a se unirem e a lutarem por seus direito e principalmente a terem orgulho de sua cor! Enquanto isso aqui no Brasil ainda é moda uma grande parcela de negros ficarem discutindo suas pífias diferenças de tonalidades com comentários como: ah eu não sou negro não, eu sou cor de jambo, ou eu sou da cor de bombom, ou sou mais clarinho, sou da cor de caramelo, oh meu Deus, será que a ignorância tem alguma cor?!

O negro brasileiro caiu na armadilha da hipocrisia da elite branca que diz que não tem preconceito, mas que, no entanto deixa o negro sem referências, seu orgulho, sem heróis e sem identidade.

Ah quem dera fosse possível Mandela se levantar só mais uma vez, no meio do discurso da presidente Dilma, e falar para ela e para os outros ex-presidentes que estavam lá à seguinte frase: Seus hipócritas!

Vão embora daqui e se querem mesmo me homenagear, levem essas palavras e esse ânimo para seu país e lá lutem de verdade para transformar a vida do negro principalmente para tirar lhes da cruel armadilha ideológica imposta pela TV e pela mídia, a qual muitos deles estão presos e nem percebem. Viva Mandela!!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

A CHUVA QUE LEVA O RIO !!!!!

O Estado Rio de Janeiro está parado. Enquanto o Prefeito diz que o Rio está bem, a chuva arrasa o dia das pessoas. Na Baixada Fluminense nada anda. Em Duque de Caxias, mais precisamente, existem pessoas a mais de 4 horas no trânsito. Os trens estão parados e o Rio das Olimpíadas que nos custa bilhões em impostos, já sabe, se chover, a tocha apaga.

Av. Brasil - Iraja
Está chovendo, mas se você mora no Rio de Janeiro, já sabe disso. E todas as vezes que isso acontece, o Estado do Rio para. Já acostumado em parar, o Rio de Janeiro tem pavor de chuva, tem pavor de trânsito, e tem pavor do Cabral. Cabral por sua vez, do seu helicóptero analisa o trânsito e dá suas dicas, para o seu pupilo e megalomaníaco Eduardo Paes. Cabral percebe que a Capital funciona bem na chuva, pois como os trens param de funcionar, e a Baixada Fluminense inunda, ninguém chega ao Rio, e a cidade maravilhosa fica de boa.

Aterro do Flamengo - ontem a noite.
Só não percebeu isso o Prefeito do Rio. Em entrevista ao Bom Dia Rio, na Tv Globo, Eduardo Paes, disse que a cidade do Rio está ótima, está tudo bem. Alegou ainda, sendo indagado pela repórter sobra a Praça da Bandeira, que vai precisar de mais dois anos para resolver todo o problema. Deixa eu adivinhar, no ano de eleição municipal. Ou seja, para as obras acabarem o prefeito a ser eleito terá que ser apoiado por ele. As artimanhas eleitorais desse país formam o caos em que vivemos nos dias de chuva. Essas atitudes, que brincam com a vida do povo, fazem com que apenas o povo sofra. Não inunda no apartamento do Cabral no Leblon. Nem na casa do Prefeito de Caxias, que incrível que pareça, mora na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

Clique para ampliar. Fotos do Rio de Janeiro.
Apesar do Paes dizer que está tudo bem no rio, não é o que vemos nas redes sociais, onde pessoas, graças ao avanço da tecnologia, postam sem parar, o caos que a cidade do Rio e a Baixada estão vivendo neste exato momento. As fotos que ilustram essa postagem foram tiradas ontem a noite e agora pela manhã. As escolas estão vazias, e as crianças que conseguiram chegar, agora não conseguem voltar. A chuva volta a apertar a todo o momento, e não dá espaço para melhoras. A infra-estrutura das cidades do Rio não existe, e as chuvas vêm para comprovar o que estou dizendo.

Duque de Caxias - Ao fundo o Teatro Raul Cortez.
Quem disse que Duque de Caxias não
tem uma Lagoa, e com sua própria
Árvore de natal?
Em Duque de Caxias tudo está parado. Alexandre Cardoso herdou muita coisa ruim do Zito, mas a inoperância é dele mesmo. O Prefeito que não mora na cidade, parece também não se importar com ela. Claro, se importa mais com os desvios da FAETEC, que agora é comandado pelo seu apadrinhado político, que será candidato a Deputado Federal. A cidade que já vive um caos em dia de sol, não se movimenta. Minha esposa que saiu para trabalhar as 7:30 da manhã, neste momento, às 10:34 ainda está no trânsito, e sem possibilidade de voltar. E para piorar, a chuva aperta de novo.


Duque de Caxias
Para encerrar, vale lembrar que os que mais sofrem com tudo isso é a classe menos favorecida, até pelo tempo. O pobre não chega no trabalho, as ruas alagam suas casas, o filho não chega na escola, o comércio não funciona direito e o serviço de transporte público, que já não é nada bom normalmente, piora, e piora muito. Responda-me, e se alguém agora precisa de um hospital? Como chega? Morre. Como sempre, a corda arrebenta do lado do mais fraco. E acredite, até na inundação, a divisão de classe é decisiva.

Mas antes de finalizar, algo me veio a mente, e as Olimpíadas? Se chover, apenas a modalidade de canoagem acontecerá. Bilhões de reais em impostos são consumidos em que? E o legado? Não existe o que comemorar, somos uma nação, onde a prioridade é abastecer políticos e empreiteiras com muito dinheiro público para poder ter esse dinheiro reinvestido em campanhas eleitorais.




segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

DENÚNCIA DE UMA CONSUMIDORA - SANSUNG E O CELULAR QUE NÃO FUNCIONA.


Recebi nessa noite o link do blog da esposa de um grande amigo, onde ao ler, você é tomado pela indignação. Essa revolta vem do fato da prova cabal de que somos um povo carente de cuidado com o direito público, a prova de que estamos inseridos em um sistema que nos propicia a desonestidade, e fomenta a “Lei de Gérson”. As leis neste país, como muitos gostam de dizer, não são feitas para serem cumpridas, e sim burladas. A burocracia é uma arma potente para a engrenagem não funcionar.


Vamos ao texto. No final do mesmo, o link do blog da Aparecida Basto. Vale a pena conferir. Leia com atenção o relato:

O Descaso da Samsung


Por  Aparecida Basto
O nome, já dizia meu pai, é o maior patrimônio que uma pessoa pode ter. Para uma empresa, a confiabilidade da marca é fundamental para que ela possa existir.  A Samsung parece ignorar ensinamentos tão simples quanto manter o nome.  A empresa contribui para denegrir a sua marca o tempo todo. Como? Oras, quando não escolhe assistências técnicas eficientes, burocratiza o atendimento via SAC, não deixa claro no site da empresa o local para reclamações e produz equipamentos que apresentam constantes defeitos. Mas por que todo esse desabafo e a tentativa de ensinar para uma das multinacionais mais poderosas do mundo como trabalhar? Simplesmente indignação e tristeza. 

Indignação no momento que comprei meu celular Galaxy Win duo I8552B, em 5 de outubro de 20013 e duas semanas depois, já não funcionava mais. O aparelho esquentava a uma temperatura insuportável e reiniciava sozinho várias vezes ao dia.  Entendendo que isso não era normal procurei uma autorizada e no dia 6 de novembro, deixei meu celular para o possível reparo. A atendente disse que em 15 dias, o reparo seria feito, mas que o prazo máximo era de 30 dias.
Durante o prazo fiquei triste por todas as fotos dos meus filhos não tiradas, os vídeos de final de ano na escola, os posts para amigos. Os contatos de trabalho que não pude atender, já que o telefone pede microchip e não pude colocar em outro aparelho. Pago meu plano, mas não uso meu número. Perdendo dinheiro.
Bem, passados 15 dias, retornei a loja e nada. Faltando um dia para o final do prazo de 30 dias e uma reposta malcriada: “Até às 18 horas de amanhã tá no prazo, senhora”.  Liguei no último dia e outra resposta rude: “Pode deixar que a gente liga para senhora quando estiver pronto”.  Nesta altura joguei na internet: “Samsung reclamação”, “Samsung defeito” e outras palavras-chaves do tipo. E uma chuva de fóruns, blogs e sites criados apenas para reclamar dos aparelhos e atendimento da empresa lotaram minha tela.
Entendi nesse momento que deveria ligar para o SAC (4004-0000). Dois dias tentando.  Finalmente fui atendida pelo call center e apesar da educação da “moça do telemarketing” , o problema não foi resolvido, pois precisava do número da ordem de serviço com 10 dígitos iniciados por 41. Fui instruída pela “moça” a conseguir o número com a autorizada e retornar o contato.  Para minha surpresa ao ligar para autorizada descobri que o tal número não havia sido gerado ainda. Discuti alegando que o celular estava lá há mais de 30 dias e a funcionária da autorizada pediu um momento. Um burburinho ao fundo podia ser ouvido enquanto minha paciência acabava.  Ela volta e diz: ”Senhora não conseguimos localizar seu aparelho, a senhora retorna amanhã e passaremos a ordem de serviço solicitada”. Nessa hora percebi que no Brasil acham que os clientes são palhaços, bobos e não conhecem o Código de Defesa do Consumidor. Então só me restou partir para guerra e protestar, reclamar, lutar pelos meus direitos.  Não quero papo com a autorizada Samsung, eu quero outro celular NOVO, na caixa, em tempo para as fotos do amigo oculto, da confraternização na empresa, da minha família na ceia de Natal e dos fogos do Réveillon em Copacabana.  E a marca Samsung está cortada da minha lista de Papai Noel.
Acesse Palpitaria Brasil (Clique aqui

O caso acima retratado por Aparecida Basto é real, não tem invenção. A falta de respeito abordada é algo comum em nosso dia a dia. Esse usual virou rotineiro, e nos vemos muitas vezes tendo nossos direitos destruídos pela falta de mecanismos eficazes, que façam as leis funcionarem. Se você também tem um caso de reclamação, contra qualquer empresa, entre em contato pelo: samuelmarquesbm@gmail.com e postaremos a sua história. Compartilhe, comente, espalhe. Somos muito fortes se juntos trabalharmos. Vamos acompanhar o caso.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

ADEUS MADIBA - A HISTÓRIA E O LEGADO DE NELSON MANDELA.

Morre Nelson Mandela, mas seu legado fica. Um legado de luta e amor pela justiça, liberdade e coragem. Morre aquele que sabia a importância da Educação para se mudar o mundo. Morre o pai da África do Sul. Morre um homem, que apesar de ter sido preso por ser negro, e não aceitar ser discriminado, não expressou o rancor e o revanchismo. Morre um homem simples, de atitude simples, mas de valor inestimável. Adeus Madiba.

Escrever sobre Mandela não é uma tarefa fácil. Mandela esteve acima de muitos mortais, porque simplesmente sempre pregou e viveu a liberdade e direito de todos seres iguais. Mandela emitiu o reflexo dos nossos medos, na medida em que pregamos aquilo não vivemos, fazendo Mandela o contrário. Seu rosto não expressava rancor, nem raiva, mas sua liderança era incontestável, e não sobrepujava ninguém. Não era autoritária, era a segurança de ser o que se precisa ser, justo. Mandela sofreu, viveu, correu, esperou, agiu, venceu ,descansou e morreu. Mandela acima de tudo ensinou, nos ensinou. E claro Mandela nos inspirou, nos inspira. Mandela vive, e a cada dia que proferirmos as palavras justiça, igualdade e liberdade, estaremos dando sentido ao nome Mandela.

Nelson Mandela, entregando troféu da Copa do
Mundo de Rugby  ao capitão François
Pienaar;
Como sou historiador, sou também um apaixonado pela vida de Mandela e sua insistência em sobreviver, sempre com um legado a ser deixado. Mandela foi preso por ser negro, em um tempo, não muito distante, onde segregar significava algo comum. A África foi dividida entre seus colonizadores, e a África do Sul com o tempo foi aprendendo e se acostumando a ser escrava. Sua terra foi novamente dividida, e agora os negros, donos dela, já era expelidas por descendentes holandeses e britânicos. O mundo via tudo sem problemas. Poucos era os países que se levantavam contra o Apartheid.  Governos mundiais capitalistas não se mexiam, e entendiam que o apartheid seria uma chance de travar o comunismo na Europa. Para se ter uma idéia, em 1977 a África do Sul foi condenada pela comunidade internacional, mas só em 1985 a ONU convocou uma Assembléia para discutir e aplicar sanções econômicas. Margaret Thatcher, Primeira Ministra da Inglaterra, é acusada até hoje de sua ligação com o regime de segregação racial sul-africano. Essa lentidão mundial, prolongou a vida do regime. Em 1918 o Projeto de Lei sobre Nativos em Áreas Urbanas obrigava negros a viverem em áreas específicas. O Apartheid tinha até uma legislação, que proibia negros de circularem em áreas do país, e determinava serviços públicos para cada raça. Os hospitais dos brancos por exemplo, poderia ser comparado aos melhores do mundo, enquanto os destinados ao negros era deplorável. Qualquer pessoa podia ser tachada de comunista e presa. Em 1953 um sistema de ensino foi preparado. O sistema de Educação para os negros tinha o objetivo de prepará-los para os serviços braçais. Mesmo assim Universidades foram criadas para negros, e em uma dessas Universidades Nelson Mandela se formou em direito. Por falar no nome dele, Mandela não tinha o nome de “Nelson”. Seu nome era Rolihlahla Dalibhunga Mandela, mas ganhou o seu primeiro nome na escola, que retirava os nomes nativos, por nomes ingleses.

Local onde Mandela ficou preso
na Ilha Robben
Mandela foi o maior líder da resistência negra contra o regime. No dia 21 de Março de 1960, ocorreu na cidade de Sharpeville, na província de Gauteng, na África do Sul, um protesto, realizado pelo Congresso Pan-Africano (PAC). O protesto pregava contra a Lei do Passe, que obrigava os negros da África do Sul a usarem uma caderneta na qual estava escrito aonde eles poderiam ir. Cerca de cinco mil manifestantes reuniram-se em Sharpeville, uma cidade negra nos arredores de Johannesburg, e marcharam calmamente, num protesto pacífico. A polícia sul-africana conteve o protesto com rajadas de metralhadora. Morreram 69 pessoas, e cerca de 180 ficaram feridas. Em 1961 lançou a “Lança de uma Nação”, um braço armado do CNA. Realmente não existia mais o porque da existência de uma resistência pacífica. Preso alguns anos depois, ele passa pelo Julgamento de Rivonia e foi condenado a prisão perpétua. O prisioneiro 46664, como era conhecido, foi enviado a Ilha Robben. Encarcerado em uma cela de 2,5 por 2,1metros, com uma janela de 30 cm, Mandela decidiu que apesar das privações, poderia se preparar para mudar seu país. Juntos com outros presos trabalhava na pedreira da prisão e de lá, ficou sabendo da morte da mãe em 1968 e do filho em 1969. Sobre a morte de seu filho, existem suspeitas de que o seu carro foi sabotado pelo regime. Mandela ficou preso 27 anos, 18 forma na Robben Island. Transferido em 1982 para a prisão de Pollsmor, passou por mais duas transferências em anos seguintes. Contrariando ao CNA e outros companheiros a partir de 1985 em isolamento total, começou a negociar por conta própria. Somente em 1986 uma carta sua, enviada no ano anterior ao Ministro da Justiça. Resumindo, em 1990 Mandela foi solto. Refunda a África do Sul e em 1993 é eleito Presidente da África do Sul, finalizando o Apartheid e iniciando um processo espetacular de reconciliação.

Mandela ao sair da prisão. Madiba ficou
27 anos preso.
Mandela, agora Presidente, tinha uma bomba nas mãos, um país dividido, e o mesmo racismo de sempre, só que agora somado a vontade de revanche dos negros. Mandela precisava decidir o que a sua nação seria. E decidiu. Sua decisão foi reconciliar, ter um governo reto, onde a o passado poderia ser lembrado, porém a construção de um futuro diferente era a prioridade. E nessa construção a África do Sul precisava ser uma só, de Brancos e Negros. Adotou um hino que era bem a compilação disso. A bandeira misturou as duas sensações e apoiou, o que ninguém acreditava, o esporte preferido dos Brancos, o Rugby. E neste sentido em 1995, quando o seu país sediou a Copa do Mundo de Rugby, aproveitou o momento para popularizar o jogo e a espalhar o sentimento de unidade. O plano deu certo e a partir daquele momento, aqueles que duvidavam de Mandela, ou o achavam como representante dos negros, passou a vê-lo de outra maneira. A África do Sul se unia, e aos poucos se transformava em um povo, mas que claro, precisava de muitas mudanças. Em 2010 a África do Sul foi sede da Copa do Mundo FIFA, e foi neste mesmo ano que Mandela apareceu pela última vez ao público. Ao som de “Madiba”, o estádio o via em carrinho acenando a todos. Mandela fazia ali sua última aparição pública.

Nelson Mandela se despede, mas retrata a nós o nosso melhor. A capacidade de lutarmos para sermos iguais. Mandela provou que a os pequenos podem crescer e se organizar em suas lutas. Mandela provou que a escravidão transcendeu e transcende os séculos, e que a nossa visão deturpada do mundo precisa ser ultrapassada. Nelson Mandela foi o maior, foi o melhor, foi único e sempre será.

Quando recebi a notícia da morte de Mandela, viajava de volta para casa, e me lembrava que no dia anterior, em um ponto de ônibus vi um homem ser abordado por policiais, porque era negro. Tantas pessoas no ponto e apenas aquele homem foi humilhado e chamado de bandido. Ainda durante a viagem, me lembrava que no nosso país, o Racismo ainda existe e persiste a viver em uma sociedade que não seria nada sem os negros.

Mandela deixou muitos ensinamentos, em um deles diz: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.” E em outra fala aquilo que discutimos incansavelmente todos os dias: “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.”

Última aparição pública de Mandela na final da
Copa do Mundo de
Futebol e 2010, na África do Sul.
Adeus Mandela, o mundo não será o mesmo sem você. Sua presença nos dava o lampejo de glória do homem, mediante a sua desgraça habitual. Adeus Madiba, que com punhos cerrados e levantados, nos deixa o ensinamento de lutar sempre. Adeus !!!