Por Antônio Sérgio - Barra do Piraí |
A morte de Mandela nos faz pensar
algumas coisas, e até a repensar o meio em que vivemos as novelas que
assistimos, comerciais de TV, enfim, a pífia participação do negro na mídia.
Em apresentação de Copa do Mundo negro não entra!
Querem que o negro brasileiro fiquem em seus estereótipos!
Ola amigos leitores do blog, depois de um breve
período estou de volta, peço desculpas pelo tempo ausente, mas muito afazeres
me consumiram o tempo e a disponibilidade para escrever. Bem, muita coisa
aconteceu em Barra do Piraí nestes dias, entretanto quero falar de um assunto
que tomou o mundo nestes dias que é a despedida da humanidade de seu ultimo herói
vivo, Nelson Mandela.
A morte de Nelson Mandela deixa uma grande lacuna, e
acredito que essa lacuna é maior ainda no Brasil, pois vimos na semana passada
algo que entristeceu muito a comunidade negra brasileira, que foi a imposição
por parte da FIFA da escolha de um casal branco, loiro, para apresentar o
sorteio da copa do mundo de 2014. Com muita indignação eu fiquei quando vi pela
TV a presidente Dilma discursando em homenagem a Nelson Mandela na África do
Sul, pois logo pensei que se ela considera realmente Mandela um herói, se gosta
de sua luta, por que não lutou junto a FIFA pela presença de pelo menos um
negro apresentador no sorteio da Copa? Já que no Brasil cerca de 40% de seus
habitantes se consideram ou dessa cor ou descendentes desses (pardos)?
O evento seria apresentado por Camila Pitanga e Lázaro
Ramos, mas a dupla teria sido vetada pela FIFA e substituída por Fernanda Lima
e Rodrigo Hilbert.
Casal loiro, de olhos claros. A Rede Globo, dona dos
direitos de transmissão da Copa na TV aberta, acatou a decisão da FIFA. É
compreensível. Há anos a Globo contribui para a construção de uma imagem
estereotipada dos negros. Normalmente aparecem em papéis subalternas suas
novelas (como os de empregada doméstica, porteiros, bandidos, ou como a
empregada “boazuda” que o filho do patrão quer traçar mas sem romantismo ou
direito a música romântica de fundo, afinal de contas é inegável que a mulher
negra é gostosa, mas é só isso). Na melhor das hipóteses, são associados à
dança, ao samba, à sensualidade. Como no concurso que premiou a volta
redondense Nayara Justino.
Nayara disse em uma entrevista que o posto de
Globeleza é a realização de um sonho para ela e disse também que desde menina
dançava na frente do espelho, sonhando com esse dia. Com seu trabalho, vai
alimentar as ilusões de outras meninas que estão conhecendo o mundo pela
televisão, principalmente pela Rede Globo, que é a emissora mais assistida.
As menininhas negras brasileiras assistiram à
cerimônia do sorteio e viram que os apresentadores do evento têm uma cor bem
diferente da delas. Perceberão, também, que as jornalistas do Jornal Nacional e
a maioria das heroínas das novelas são brancas. Entre um programa e outro,
assistirão a comerciais de xampu para mulheres com cabelos diferentes dos
delas, fazendo-as acreditar que há algo de errado com o próprio cabelo e por
mais incrível que pareça nunca verão um negro nem comercial de escovas de
dentes!
Será que eles pensam que nós negros não escovamos os
dentes? É o cúmulo!
Em meio a essa
profusão de rostos brancos e cabelos lisos surge a Globeleza para encantar
essas crianças. Como uma fada dizendo às pequenas negras que elas também podem
brilhar.
Pela forma com que a mídia tem tratado o negro, com
aumentos irrelevantes da presença na dramaturgia, no jornalismo e na
publicidade, a Nayara vai herdar o papel das suas antecessoras e inspirar
outras meninas a alimentar o clichê de que negra bonita só pode ser passista.
Por essas e outras costumo dizer que os negros norte
americanos e sul africanos foram abençoados como preconceito e a perseguição
escancarada da elite branca em seus países. Pois essa perseguição levou os
negros desses países a se unirem e a lutarem por seus direito e principalmente
a terem orgulho de sua cor! Enquanto isso aqui no Brasil ainda é moda uma
grande parcela de negros ficarem discutindo suas pífias diferenças de
tonalidades com comentários como: ah eu não sou negro não, eu sou cor de jambo,
ou eu sou da cor de bombom, ou sou mais clarinho, sou da cor de caramelo, oh
meu Deus, será que a ignorância tem alguma cor?!
O negro brasileiro caiu na armadilha da hipocrisia da
elite branca que diz que não tem preconceito, mas que, no entanto deixa o negro
sem referências, seu orgulho, sem heróis e sem identidade.
Ah quem dera fosse possível Mandela se levantar só
mais uma vez, no meio do discurso da presidente Dilma, e falar para ela e para
os outros ex-presidentes que estavam lá à seguinte frase: Seus hipócritas!
Vão embora daqui e se querem mesmo me homenagear,
levem essas palavras e esse ânimo para seu país e lá lutem de verdade para
transformar a vida do negro principalmente para tirar lhes da cruel armadilha
ideológica imposta pela TV e pela mídia, a qual muitos deles estão presos e nem
percebem. Viva Mandela!!
A Copa e as suas duas faces !!!
ResponderExcluirO povo precisa saber qual é a verdadeira face, desse grande espetaculo !!!