A greve dos garis trouxe uma reflexão, e não só para
mim, podemos vencer o sistema. Mesmo atacados pela mídia golpista e por um
Governo mentiroso, como o de Eduardo Paes, os garis ensinaram para nós,
professores, como a união pode vencer um sindicato comprado e um empregador
bandido. Os garis foram grandes professores.
Na
semana passada a vitória dos garis do Rio de Janeiro, que conseguiram, depois
de uma batalha, 37% de aumento em seus vencimentos, pegou alguns de surpresa.
Mesmo em uma luta contra Eduardo Paes e a Globo, os garis ensinaram como se faz
uma greve, e o melhor, como trazer a opinião pública para o seu lado. Com
união, uma greve vai para frente, mesmo recebendo ataques de uma mídia
golpista, que em todas as inserções enaltecia mais o lixo na rua como um
prejuízo, do que a, luta de trabalhadores por melhores condições de trabalho.
Mesmo
com todos esses percalços, os “lixeiros”, como muita gente os chamam, não
esmoreceram, e ainda tinha o fator de que o Sindicato, vendido, fechava
acordos, que não tinha o aval dos trabalhadores, com a Prefeitura. Graças a
esse acordo, de 9%, a Greve passou a ser considerada ilegal, e membros do alto
escalão da Prefeitura do rio iam para a televisão, lembrar que o acordo já
estava fechado, e portanto o trabalho tinha que voltar ao normal. Quando um
sindicato serve aos seus interesses pessoais, e não ao trabalhador, fica mais
difícil ganhar algo, pois o acordo com o empregador sela o fim da luta. Mas
isso não parou os Garis, que voltaram para as ruas e aumentaram ainda mais a
greve.
Não
escolheram a época por acaso. Cruzar os braços no Carnaval foi uma grande
estratégia, e na medida em que o lixo ia acumulando, o desespero do Governo
aumentava. Durante alguns dias da Greve, foi anunciado pela imprensa oficial de
Paes, que a greve não tinha grande adesão. Logo, esse dado foi claramente
desmentido, pois se poucos aderiram a greve, porque as ruas do Rio estavam
lotadas de lixo, por todo lado. É bom ressaltar também que essa Greve mostrou
muito da falta de responsabilidade ambiental das pessoas.
Se
não bastasse tudo isso, assim que o acordo entre o Sindicato comprado e a
Prefeitura foi acertado, logo veio a notícia de que aqueles que não voltassem a
trabalhar seriam demitidos. Foram anunciados 300, até para dar a dimensão a
população, que eram poucos os grevistas. O Governo tentava limpar as ruas da
Zona Sul, enquanto o lixo ia se acumulando ainda mais na Zona Norte. Mesmo
assim, tudo ia ficando insustentável, e a imagem do Prefeito mais uma vez
emporcalhada nas Redes Sociais. Tentaram até vender o Prefeito Eduardo Paes, no
site “Bomnegócio.com”, mas nem o site aceitou. Ao mesmo tempo que o Prefeito ia
se afogando no mar lixo, ia também sujando a imagem de Cabral, ainda mais, e
conseqüentemente de Pezão, candidato a sucessor de Cabral, pelo próprio Cabral.
Logo, as manifestações dos Garis na porta da Prefeitura ganharam ainda mais
força, e mesmo, mais uma vez, a Globo dizendo que apenas 200 pessoas estavam na
passeata, a força dos Garis ia aumentando, e aumentou.
Com
o lixo por retirar, o Carnaval manchado e a imagem do Rio para o mundo indo
para o saco de lixo, não houve muitas escolhas, fechar um acordo era
prioridade, e agora o Sindicato não tinha mais força. Quando veio a notícia de
que a proposta, nas negociações tinha chagado a 17%, segundo algumas pessoas na
internet, logo a ordem era prosseguir e ir aumentando os valores
gradativamente, até que chegou aos 37%. Em uma entrevista logo depois do acordo
fechado, o Prefeito Eduardo Paes, disse que não sabia de onde iria cortar para
pagar esse aumento, tentando induzir que os cofres da Prefeitura não tinham
condições de assumir tal compromisso, e mais uma vez, assim como fez nas
manifestações dos ônibus, ameaçou o povo.
O
que os garis nos ensinaram? Como fazer uma greve e como derrubar um sindicato
pelego. Como professor, não tive como não sentir admiração e vergonha ao mesmo
tempo. Admiração pela união, pela garra e pela força de vontade dos caras. E
vergonha por tudo ao contrário que os professores são. Mesmo com uma luz no fim
do túnel, como vimos no ano passado, onde os professores do Estado e do
Município do Rio enfrentaram de tudo, mesmo assim ainda é pouco. Temos ainda
sindicatos mais preocupados com uma queda de braço política do que com o
interesse maior, que é a Educação. Ainda somos mais desunidos do que quaisquer
outros profissionais. E o pior, não conseguimos trazer para o nosso lado a
opinião pública. Claro, que não podemos acumular e espalhar os alunos pelas
ruas, mas é triste entender que nós mesmos, mas nós mesmo sim, nos tratamos com
menos importância do que o lixo. Precisamos rever os nossos conceitos, ter mais
ousadia e aprendermos com o que vemos a nossa volta, e os garis foram ótimos
professores.
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