Paty de Alferes, cidade do interior do Rio de
Janeiro, protagonizou na semana passada cenas de violência e incoerência, onde um quebra quebra virou Paty de pernas para o ar. Brigar contra a polícia, quando ela age de maneira errada, tem sido algo bom
nos últimos dias, e temos que cobrar uma mudança de postura no comportamento da polícia sim, porém quebrar tudo porque ela fez seu trabalho já é demais. A
morte da motociclista que furou uma blitz, com sua moto, é triste, porém mais
triste é a morte social de uma parcela da cidade, que prefere andar a margem da
lei, em cima de suas motos irregulares, e com a falta de suas habilitações.
DPO destruído. |
De
início as notícias falavam que a morte seria de uma menor de idade. Em alguns
posts pelo face, já circulava, o link do perfil da suposta pessoa morta. De
início a revolta nas redes foi ainda maior, quando o boato indicava que a
pessoa falecida era uma menor , fato irreal, que depois de algum tempo foi
desmentido, mas não sem antes ser espalhado. Nessas redes ao mesmo tempo que as
ruas de Paty ficavam no escuro e que pessoas se trancavam em casa, os debates
eram muitos. Várias pessoas externavam suas revoltas, e suas opiniões. Alguns
mais exaltados construíam seus discursos em algo preocupante, culpar a blitz
pelo ocorrido. Muitos declaravam que as muitas blitzs que tem ocorrido na
cidade são exageradas, e sem propósito. Outros porém falavam com mais razão,e
citavam que o caso das motos na cidade é algo sério, e que a polícia estava
fazendo apenas sua parte. O tempo foi passando e logo se descobriu que não era
uma menor de idade na pilotagem da moto, e sim Mara Lúcia Feijó da Silveira de
30 anos.
A Blitz e a incoerência do povo.
Não
sou o um defensor da polícia, muito pelo contrário. A Polícia tem sim o péssimo hábito de barbarizar a população. As cobranças da população neste sentido tem que ser feitas, mas culpar a polícia pela
morte da motociclista é querer tapar sol com a peneira. Quem morou ou trabalhou
em Paty de Alferes, sabe e conhece os problemas das motos na cidade, e também
em Miguel Pereira, cidade vizinha. Não é de hoje que as pessoas desta cidade,
não todas é claro, tem a péssima mania de andar de moto sem habilitação, sem
capacete, e muitas vezes com uma moto sem documentação alguma. Essa situação
sempre foi crítica, e já virou algo comum na cidade, já passou a figurar no
empirismo social de Miguel Pereira. Em 2005, ainda morando em Miguel Pereira,
recebi a visita de um conhecido, que vendia motos. O mesmo tentava me vender
uma moto a tempos. Chegou um momento que na tentativa de negar a proposta disse
a ele que não tinha carteira, portanto estaria impedido de pilotar tal veículo.
Ele então abriu o jogo, e disse claramente: “Se você andar aqui em Miguel e Paty,
não haverá problema, ninguém pega, depois você tira a carteira sem pressa.”. A
sinceridade do vendedor não era de se espantar, pois esse pensamento já estava
na vala comum do senso de todos daquela cidade. Outro problema é o fato de
muitas motos roubadas acabam por ficar na cidade, pois sem a repressão correta
encontram repouso nas mãos de quem não tem interesse em comprar algo regular,
ou seja, o mercado daquelas cidades é propício para motos roubadas em outras
cidades. O agravante disso tudo é o fato de que as motos, por serem mais
rápidas e ágeis, acabam sendo utilizadas também pelo tráfico, que há muito
tempo vive por aquela região.
Diante
de tudo isso, e pelo fato de que nos últimos anos nada tinha sido feito, a
polícia decidiu agir. E sendo repetitivo, lembro, que apesar de não ser
defensor da polícia, não posso dizer que ela está errada em tentar reprimir
essas situações. A polícia, que tanto cobramos não estar fazendo sua parte, não
pode ser sacrificada por fazer. As blitzes são necessárias, e importantes. Sei,
e afirmo, que muitas vezes não gostamos delas, e a própria polícia se aproveita
da mesma para pegar dinheiro, porém mesmo assim, ela é necessária.
Motos
e carros precisam estar regularizados, é lei. A nossa obrigação é cobrar que os
órgãos governamentais funcionem perfeitamente, como o DETRAN, por exemplo. O
DETRAN não funciona, e claro, virou uma máquina de corrupção e de empregos a
deputados, que se aproveitam da instituição para inchá-lo com sua equipe de
chupadores de teta.
Incoerente,
portanto o quebra – quebra realizada em Paty pela própria população. Tenho
respeito pela pessoa que morreu e por sua família, mas quero lembrar que aquele
que fura uma barreira policial, sabe das conseqüências, e a perseguição
fatalmente acontecerá. Daí por diante, depois da repetida decisão de fazer o
errado, o risco já é da pessoa. Quem anda com um carro irregular, assim como
qualquer outro veículo, sabe do risco de ser parado em uma blitz.
A Revoltado povo e o depois
A revolta da população foi quase imediata a
morte de Mara, logo o povo se revoltou, e assim como nas redes sociais, as
incoerências puderam ser vista, mas agora em ações, e não em palavras. As ruas
foram então tomadas por pessoas e suas revoltas. E começaram a quebrar coisas,
queimar carros, agredir policiais e até tacaram fogo no D.P.O. O mesmo DPO que
ali foi colocado anos antes a pedido da população. A revolta foi até tarde da
noite, e tiros foram disparados, causando ainda mais tumulto e medo entre os
moradores. Pessoas ficaram presas dentro do supermercado em frente ao DPO. Na
internet, pessoas preocupadas, com parentes, vizinhos e amigos, acompanhavam
tudo atônitos e sem saber o real motivo de tudo isso.
No domingo, dia seguinte a isso tudo, outra
manifestação, agora menos destrutiva, o que é legítima, ocorreu, e na terça
feira como se pode verificar nos vídeos abaixo, moradores se reuniram em uma escola estadual, com o comandante da PM. E
uma coisa foi muito bem resolvida, as blitzes vão continuar, e devem.
Vídeo de Pedro Palma - Panorama Regional
Perguntas
A revolta do povo, é sem fundamento, mas admito,
gosto de ver revoltas populares. Essa é sem propósito, e burra, e por isso
mesmo, apesar do meu aparente antagonismo sentimental, muitas perguntas me vem
a mente. Em uma terra, que posso abranger também Miguel Pereira, onde a
corrupção eleitoral é algo de matar, nunca vi a população revoltada com a falta
de coisas básicas, como uma saúde de qualidade, um transporte mais barato e do
desenvolvimento que tanto essas cidades precisam.
Paty de Alferes, não pode ser analisada
apenas pelo ato destas pessoas, que fomentam com essa ação a intolerância e a
violência, mas precisa pensar em seus próprios passos. Que os sensatos, e raças
a Deus não são poucos, não deixem os insensatos tomarem a rédea desta cidade, e
a que a preguiça e a acomodação, não seja a maioria.
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