quinta-feira, 19 de setembro de 2013

PATY DE ALFERES E UMA INVERSÃO SOCIAL - QUANDO O CERTO VIRA ERRADO, E O ERRADO FICA CADA VEZ MAIS PERIGOSO.

Paty de Alferes, cidade do interior do Rio de Janeiro, protagonizou na semana passada cenas de violência e incoerência, onde um quebra quebra virou Paty de pernas para o ar. Brigar contra a polícia, quando ela age de maneira errada, tem sido algo bom nos últimos dias, e temos que cobrar uma mudança de postura no comportamento da polícia sim, porém quebrar tudo porque ela fez seu trabalho já é demais. A morte da motociclista que furou uma blitz, com sua moto, é triste, porém mais triste é a morte social de uma parcela da cidade, que prefere andar a margem da lei, em cima de suas motos irregulares, e com a falta de suas habilitações.

DPO destruído.
No último sábado, Paty, do Alferes, cidade do interior do Rio de Janeiro, viveu sua zona de guerra. Moradores revoltados atearam fogo em pneus, carros e no DPO, em Arcozelo. Quase que ao vivo, nas redes sociais se acompanhava o desenrolar da violência, e aos poucos,não com a mesma velocidade, tentava-se entender o fator que fez com que eclodisse tanta cólera. As informações eram desencontradas, mas o fator em comum a todas as histórias, seria uma blitz, que em decorrência ao furo da mesma por parte de uma motociclista, teria gerado uma perseguição e como conseqüência, a queda e a morte desta pessoa que pilotava a moto.

De início as notícias falavam que a morte seria de uma menor de idade. Em alguns posts pelo face, já circulava, o link do perfil da suposta pessoa morta. De início a revolta nas redes foi ainda maior, quando o boato indicava que a pessoa falecida era uma menor , fato irreal, que depois de algum tempo foi desmentido, mas não sem antes ser espalhado. Nessas redes ao mesmo tempo que as ruas de Paty ficavam no escuro e que pessoas se trancavam em casa, os debates eram muitos. Várias pessoas externavam suas revoltas, e suas opiniões. Alguns mais exaltados construíam seus discursos em algo preocupante, culpar a blitz pelo ocorrido. Muitos declaravam que as muitas blitzs que tem ocorrido na cidade são exageradas, e sem propósito. Outros porém falavam com mais razão,e citavam que o caso das motos na cidade é algo sério, e que a polícia estava fazendo apenas sua parte. O tempo foi passando e logo se descobriu que não era uma menor de idade na pilotagem da moto, e sim Mara Lúcia Feijó da Silveira de 30 anos.

A Blitz e a incoerência do povo.

Não sou o um defensor da polícia, muito pelo contrário. A Polícia tem sim o péssimo hábito de barbarizar a população. As cobranças da população neste sentido tem que ser feitas, mas culpar a polícia pela morte da motociclista é querer tapar sol com a peneira. Quem morou ou trabalhou em Paty de Alferes, sabe e conhece os problemas das motos na cidade, e também em Miguel Pereira, cidade vizinha. Não é de hoje que as pessoas desta cidade, não todas é claro, tem a péssima mania de andar de moto sem habilitação, sem capacete, e muitas vezes com uma moto sem documentação alguma. Essa situação sempre foi crítica, e já virou algo comum na cidade, já passou a figurar no empirismo social de Miguel Pereira. Em 2005, ainda morando em Miguel Pereira, recebi a visita de um conhecido, que vendia motos. O mesmo tentava me vender uma moto a tempos. Chegou um momento que na tentativa de negar a proposta disse a ele que não tinha carteira, portanto estaria impedido de pilotar tal veículo. Ele então abriu o jogo, e disse claramente: “Se você andar aqui em Miguel e Paty, não haverá problema, ninguém pega, depois você tira a carteira sem pressa.”. A sinceridade do vendedor não era de se espantar, pois esse pensamento já estava na vala comum do senso de todos daquela cidade. Outro problema é o fato de muitas motos roubadas acabam por ficar na cidade, pois sem a repressão correta encontram repouso nas mãos de quem não tem interesse em comprar algo regular, ou seja, o mercado daquelas cidades é propício para motos roubadas em outras cidades. O agravante disso tudo é o fato de que as motos, por serem mais rápidas e ágeis, acabam sendo utilizadas também pelo tráfico, que há muito tempo vive por aquela região.

Diante de tudo isso, e pelo fato de que nos últimos anos nada tinha sido feito, a polícia decidiu agir. E sendo repetitivo, lembro, que apesar de não ser defensor da polícia, não posso dizer que ela está errada em tentar reprimir essas situações. A polícia, que tanto cobramos não estar fazendo sua parte, não pode ser sacrificada por fazer. As blitzes são necessárias, e importantes. Sei, e afirmo, que muitas vezes não gostamos delas, e a própria polícia se aproveita da mesma para pegar dinheiro, porém mesmo assim, ela é necessária.

Motos e carros precisam estar regularizados, é lei. A nossa obrigação é cobrar que os órgãos governamentais funcionem perfeitamente, como o DETRAN, por exemplo. O DETRAN não funciona, e claro, virou uma máquina de corrupção e de empregos a deputados, que se aproveitam da instituição para inchá-lo com sua equipe de chupadores de teta.

Incoerente, portanto o quebra – quebra realizada em Paty pela própria população. Tenho respeito pela pessoa que morreu e por sua família, mas quero lembrar que aquele que fura uma barreira policial, sabe das conseqüências, e a perseguição fatalmente acontecerá. Daí por diante, depois da repetida decisão de fazer o errado, o risco já é da pessoa. Quem anda com um carro irregular, assim como qualquer outro veículo, sabe do risco de ser parado em uma blitz.


A Revoltado povo e o depois

A revolta da população foi quase imediata a morte de Mara, logo o povo se revoltou, e assim como nas redes sociais, as incoerências puderam ser vista, mas agora em ações, e não em palavras. As ruas foram então tomadas por pessoas e suas revoltas. E começaram a quebrar coisas, queimar carros, agredir policiais e até tacaram fogo no D.P.O. O mesmo DPO que ali foi colocado anos antes a pedido da população. A revolta foi até tarde da noite, e tiros foram disparados, causando ainda mais tumulto e medo entre os moradores. Pessoas ficaram presas dentro do supermercado em frente ao DPO. Na internet, pessoas preocupadas, com parentes, vizinhos e amigos, acompanhavam tudo atônitos e sem saber o real motivo de tudo isso.


No domingo, dia seguinte a isso tudo, outra manifestação, agora menos destrutiva, o que é legítima, ocorreu, e na terça feira como se pode verificar nos vídeos abaixo, moradores se reuniram em uma escola estadual, com o comandante da PM. E uma coisa foi muito bem resolvida, as blitzes vão continuar, e devem.

Vídeo de Pedro Palma - Panorama Regional

Perguntas

A revolta do povo, é sem fundamento, mas admito, gosto de ver revoltas populares. Essa é sem propósito, e burra, e por isso mesmo, apesar do meu aparente antagonismo sentimental, muitas perguntas me vem a mente. Em uma terra, que posso abranger também Miguel Pereira, onde a corrupção eleitoral é algo de matar, nunca vi a população revoltada com a falta de coisas básicas, como uma saúde de qualidade, um transporte mais barato e do desenvolvimento que tanto essas cidades precisam.


Paty de Alferes, não pode ser analisada apenas pelo ato destas pessoas, que fomentam com essa ação a intolerância e a violência, mas precisa pensar em seus próprios passos. Que os sensatos, e raças a Deus não são poucos, não deixem os insensatos tomarem a rédea desta cidade, e a que a preguiça e a acomodação, não seja a maioria.

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