O momento em que vivemos é feito de disputas. Na disputa de agora,
precisamos nortear o movimento. Buscar uma identidade no processo, e expurgar
as infiltrações e manipulações. Precisamos combater o medo e entender que somos
a base da democracia, e que nada disso vale se acabarmos com ela. Nossa luta é
além dos 0,20 centavos, mas precisamos politizar a causa, se não seremos
esmagados na busca de um golpe. Estamos cansado desta política, e a precisamos
mudar. Mas para mudar, precisamos saber o que queremos.
O momento já foi dos melhores, muita coisa aconteceu, e as cenas de
ontem, apenas reforçam uma série de teses. Estamos cercados por todos os lados
de tudo o que se pode imaginar. Vou tentar nas próximas linhas delinear e
agrupar, dentro de alguma organização, tudo que estou pensando, e claro cegar a
alguma conclusão. O fato é que estamos vivendo um momento diferenciado como já
tinha dito anteriormente, porém, mais do que nunca chegou a hora de dar um
norte a isso tudo. As coisas estão ficando desencontradas, e cada vez mais
fácil para as oportunidades de uma ala medíocre tentar manipular o processo e
determinar os caminhos do mesmo.
No caminho percorrido até agora, os movimentos percorreram por muitas
tortuosas consequências. A sobrevivência da causa precisaria passar por cima,
da falta de educação do povo, da falta de conscientização política, da herança
maldita da ditadura, a inércia, e principalmente pelas muitas consequências
advindas de um processo político novo para todos. A internet convocou isso
tudo, e como característica ela trouxe a falta de liderança, ao mesmo tempo que
fazia com que todos ocupassem o mesmo espaço, e agisse como agente produtor das
críticas e fomentações. O povo foi pra rua, a consciência cresceu, provou
inclusive que não era por 0,20 centavos que as pessoas saíam de suas casas e
ocupavam as ruas e avenidas. Elas ampliaram a pauta e foram avançando. E a cada
momento que eram reprimidos se ganhava mais espaço, e o número de pessoas só
aumentavam. Chegou-se um momento que se tinha mais postagem no facebook sobre
os absurdos vividos no nosso país do que convite para o “Criminal Case”. Era a
hora de ganhar mais espaço, e ganhou-se. Mas o dia 17 chegou, e com ele a rua
se tornou em algo mais.
A Globo mudou tanto sua postura que até o Jabor mudou de opinião. |
Claro que a falta de uma liderança palpável, chamou a atenção de alguns.
Muitos mudaram sua postura, e entre elas a Globo. A televisão dos Marinhos
mudou radicalmente de posição, e com a intenção clara de tentar conduzir o
processo, até porque a opinião pública estava, e está, ao lado dos
manifestantes, e para ela isso é o que interessa. O plano foi colocado em
prática e na tentativa de que a Copa das Confederações fosse poupada, a Globo
foi encarado os protestos e dando murros em ponta de faca. No início o plano
deu certo, mesmo escondendo uma série de imagens, ocultando verdades. Porém,
agora com outros planos, a Globo tenta massificar o problema, deixá-lo
cansativo, e continua a deturpar os fatos.
Mas o problema ainda continuava a ser o mesmo. A falta de uma liderança.
Os partidos políticos começaram a ser hostilizados. E sobre isso vale uma
reflexão. Essa reação população é fruto do descrédito político em que vivemos. As
pessoas deixaram de acreditar no sistema político em que vivemos. Já não
acreditavam, mas a falência do processo petista, trouxe ainda mais raiva e descrédito
numa sociedade que apostava em algo. O voto no Brasil é motivo de troca, e não
é necessário uma pessoa ter boas ideias e propostas importantes para ser eleito
qualquer coisa. Os partidos começaram a participar das manifestações e foram
expulsos de uma certa maneira. O problema é que as mensagens que são
compartilhadas começaram a pregar o anti-partidarismo. Não é bem assim que a
banda pode tocar. Porque se acreditamos na democracia e a prezamos, teremos que
votar em alguém, que fatalmente será filiado a algum partido político. É assim
que a democracia funciona. Quem prega o contrário, ou não é favor da
democracia, ou tem apenas a vontade de fomentar confusão. Esse modelo fascista
passou a nortear posições na internet. Em um determinando momento esse discurso
começou a ser enfrentado e muitos a favor da Ditadura Militar passaram a chamar
de fascistas os partidos de esquerda. Essa tendência de embate ideológico
começa a ganhar força, e acho salutar, mas achar que não estamos a beira de um
colapso político é mentira. Mas que colapso é esse?
Pessoas infiltradas começam a tocar o terror. A serviço de quem? Você responde. |
Podemos dizer que de uma certa maneira se começa a pensar em um Golpe.
Na medida em que os protestos crescem, e o governo perde o controle, as coisas
começam a tar outro cheiro. Percebendo isso, muitos sabotadores passaram a agir
no meio da população. População essa que tem um cansaço muito grande nas
costas, decorrente do abandono que recebe a partir dos poderes públicos. Essa
revolta pode virar violência com pouca instigação. E isso começa a ocorrer, nas
ruas. Pessoas infiltradas por poderosos que temem a força disso tudo, começam a
fazer um estrago. Vandalizam os protestos e criam o medo. A televisão busca
essas cenas para construir junto a sociedade o caos e um discurso de que as
coisas precisam ser norteadas por alguém, ou essa fuga de controle, irá matar o
país. O discurso está pronto e as manipulações começam a ocorrer. A polícia
reprime pontos das manifestações isolados, sem qualquer olhar da mídia, e passa
a tratar manifestantes de uma maneira que não trata bandidos, até porque
bandidos compram suas liberdades.
Dilma não se pronuncia, e passa a olhar, ou não? Começa-se a se pregar a
derrubada da presidente. E aí vem meu medo. E não é porque morro de amores por
ela e pelo PT, mas porque não existe um projeto de poder de ninguém que
substitua o existente de maneira democrática e do jeito que lutamos. A esquerda
de verdade é nanica, e a direita é fraca. A oposição é burra e o povo sem
instrução. Tudo isso escrito acima misturado a nossa coragem repentina, deixa a
receita bem apimentada. Não temos manifestantes politizados, mas estão
engajados. A manipulação que vemos e que começa a der seus frutos que
aprisionar pessoas e causar o medo. Depois disso vem o discurso de que este
medo tem que acabar. Medo causado por eles próprios.
Será que esse cara tá falando sério? |
Os militares estão fracos demais para ensaiarem qualquer coisa. Não
existe uma motivação financeira, e como bem me lembrou meu amigo Gabriel Vitorino,
sem uma bela motivação financeira não há golpe. Mas de qualquer maneira,
enquanto expulsamos os partidos que participam das manifestações, e desde o
início diga-se de passagem, outros que não usam bandeiras, mas camisas nos
rostos, se infiltram no movimento tentando gerenciar as manifestações, e estão
conseguindo.
A causa está sem foco, sem uma identidade de pautas. A única coisa que
sabemos, que tudo isso vai além dos 0,20 centavos. Mas o que queremos? Tudo? Proponho
que comecemos com as 5 causas. O Vídeo abaixo que logo será excluído tem isso
em detalhes. Não sou tão fã do Anonymous assim, mas achei sua pauta
interessante, e pode ser o início para nortearmos o processo.
Não podemos parar de ir pra rua. Temos que ir, e as manifestações
precisam ser ainda maiores e mais intensas. Precisamos ao mesmo tempo combater
a televisão e discutir como colocar a pauta em prática. Precisamos entender que
somos o primeiro passo da democracia, e isso tudo que estamos vivendo, não vale
de nada, se acabarmos com ela. Vivemos o melhor momento da nossa história, e
precisamos dar a esse momento mais qualidade, dando direção, e querendo alguns
ou não, o politizando. Porque se não, criaremos um mostro ainda maior do que
esse que combatemos.
É isto mesmo o que você faz: cegar a alguma conclusão.
ResponderExcluirpéssima análise política sobre o movimento.
MPP
Antes de tecer qualquer comentário, gostaria de saber o que é MPP?
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