sábado, 4 de maio de 2013

A ESCOLA SEM OS PAIS E O SISTEMA MACABRO PELO FIM DA EDUCAÇÃO


A Educação vive um momento de agonia, e por vários motivos. Desvalorização dos professores, e da Educação de um modo geral, que passa por baixos salários e falta de estrutura. Mas o que mais me espanta, é o para que estamos caminhando sem a participação dos pais na Educação dos seus filhos. A escola é um bem da sociedade, mas sem os pais, para impor limites, regras e trabalhar ao lado dos professores a coisa vai ficar difícil.

Ao corrigir mais uma gama de provas, como faço duas vezes por bimestre, uma revolta antiga, voltou a assolar a minha mente. Claramente, ao olhar as respostas, na grande maioria, se consegue verificar que na verdade os alunos não estudaram, porque se tivessem estudado, as resposta pelo menos não seriam sem nexo. Comecei então a lanças a notas, e perplexo com tudo que estava vendo comecei a refletir, sobre os porquês. Como já tinha citado anteriormente, esse não é um sentimento novo, mas muitas vezes repetidas, não só na minha mente, mas nas cabeças e ideais da grande maioria dos professores deste país a fora. Ainda refletindo fui ao facebook, e encontrei muitos alunos por lá, aproveitei e postei algo sobre a importância da Educação ser tratada com responsabilidade pelos pais dos milhões de alunos que estudam nas escolas do nosso país. Recebi portanto uma mensagem de uma amiga, e leitora deste blog, Simone Mantovani, que citava o descaso e as heranças do passado, e claro o papel da escola neste novo tempo. Minutos depois ela me mandou, também pela rede social, a foto abaixo, que exprime claramente o que nossa sociedade está vivendo, onde a tecnologia, tem tornado as pessoas distantes do mundo real, mas não é só isso que vem acontecendo.

Diante de tantas reflexões cheguei a uma conclusão, e ela não é novidade, não é uma teoria nova e sim algo que já temos em mente, mas que vem assolando a nossa sociedade. Todos temos culpa nessa situação, a Educação agoniza por vários motivos, que de maneira orquestrada, vai culminar no fim do senso crítico de uma nação inteira.

Para começar temos os pais, os responsáveis por suas crianças. Claro que não pretendo cometer a injustiça de generalizar, porém, o retrato que hoje vemos, é o significado de que a situação está em uma escala gigante. Não existe acompanhamento do processo escolar. Muitos pagam um colégio caro, para simplesmente terem uma ocupação para essas crianças e adolescentes. O que tem de dever para casa? Vamos fazer juntos? Qual o calendário de prova? Você já estudou para a prova? Todas essas perguntas foram embora, não existem mais, e claro que muito por culpa da nossa sociedade corrida, mas principalmente acomodada. Nossos filhos serão reflexo do que também somos, e do que plantamos para que eles sejam. Na escola pública, vemos o quadro da falta de participação dos pais, onde nas reuniões só aparecem os pais dos alunos bons. Independente de ser privada ou pública, a escola vem sendo atacada pelo descaso da família, que não atua junto ao seu filho, que é “desovado” na escola, para que suas babás façam o seu trabalho. A Escola passou a ser um lugar para se ocupar, não para aprender, e através desta definição se norteia o futuro desta criança, enquanto cidadão. Em casa, a televisão é a dona do cérebro de todos, onde a família e a sociedade são desvalorizadas, onde os mesmos são aculturados e o conhecimento achatado. É através da televisão que se aprende, que não é necessário usar o cérebro para achar graça das coisas. A internet passa a ser outra vilã. Ela é apresentada como entretenimento, mas passa ser inimiga se não usada da maneira correta.

Nós somos culpados também. Com professores, aceitamos vender nossos conhecimentos por preços ridículos. Falamos que estamos na Educação por amor, mas o amor faz as pessoas não se acomodarem, e somos acomodados. Não nos organizamos não nos mexemos e por muitas vezes agimos como se aceitássemos o rótulo de desvalorizados.

Não vou chamar o governo de culpado, ele é o nosso espelho, e só mudará, quando mudarmos. Faz parte desse plano, que já chamei aqui, de orquestrado, fazer com que a Educação perca seu valor. Que os professores desistam de ser professores, e aqueles que nãos desistirem, se sintam desanimados de uma tal maneira, que alimente com seu trabalho a subserviência do sistema vigente. A culpa também paira sobre a nossa inércia, não podemos parar de gritar nem um minuto, temos que ficar atentos a tudo, e não deixar ninguém, decidir nada, sem antes passar pelo crível da sociedade, porém aí é que mora o grande plano dos poderosos. Acabando com a Educação se acaba com o senso crítico, e tudo fica ainda pior do que está.

Para terminar reafirmo que não é minha intenção retirar a parcela de culpa que existe entre os professores, mas quero deixar claro, que a escola precisa dos pais, e não como entregadores de crianças, mas como parte de uma engrenagem que pode mudar nosso futuro. Vivemos a ausência neste momento a ausência dos pais, tanto das escolas, quanto da Educação de suas crianças. Precisamos mudar a nossa sociedade, e para melhor, e para isso precisamos cuidar melhor dos nossos patrimônios mais valiosos, nossos filhos. A Educação deles é primordial para conseguirmos as mudanças que tanto sonhamos.

Um comentário:

  1. Se a educação fosse tratada como algo realmente sério e importante para a sociedade brasileira, e pela sociedade brasileira, veríamos que a solução de diversos problemas passam pela escola. E mais: não apenas reivindicaríamos as necessárias verbas pra educação, em torno de 10% do PIB. Exigiríamos também uma gestão mais eficiente desses recursos que fosse assentada sobre os pilares da excelência, da gratuidade e do caráter público do acesso ao conhecimento.

    Não basta pagar bem aos professores e funcionários de uma escola, isso é o mínimo do básico. Mas nem esse mínimo temos. Temos que ter professores em formação contínua, estrutura, acesso a livros, ao cinema, ao teatro, a músicas de qualidade.

    A escola é um nó a ser desatado. Muitos dizem que a escola é uma instituição falida. Eu digo que a sociedade em que está falida é uma sociedade falida. É na escola que a polícia vai buscar o menor infrator, que os problemas do divórcio vêm à tona, que o preconceito de cor e orientação sexual se tornam gritantes, que a cultura da violência se exprime como "mais uma briga de moleques", que a falta de atendimento médico no posto de Saúde, que a falta de assistência a adolescentes grávidas viram índices de repetência e evasão. A escola é onde a corda arrebenta. Quando instituições como a família, o hospital, a Igreja, a justiça e a polícia falham miseravelmente, a bomba estoura no colo da escola.

    Todos nós somos a escola. Ela é o reflexo triste e feio de nossa postura diante das pessoas e do mundo.

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