quinta-feira, 21 de março de 2013

DUQUE DE CAXIAS: XERÉM, UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA E APROVEITADA


Toda tragédia é uma tristeza, mas na política, algumas podem virar soluções. Em Xerém isso pode estar virando realidade. Só quem perde são aqueles que além de terem perdido suas casas, ainda perdem a dignidade de serem usados para o jogo do poder. Porque as coisas não são feitas antes? Porque assim ninguém lembraria na eleição que ainda virá. A máxima da política brasileira.

Cenário de destruição em Xerém no início do ano,
Ainda motivado pela postagem de ontem, gostaria de continuar falando sobre as catástrofes cariocas e suas anomalias políticas. No dia de hoje falaremos sobre Xerém, que teve sérios problemas com a chuva no início do ano, matando 2 pessoas e deixando  milhares de pessoas desabrigadas. Mas apesar do tema ser as chuvas e seus desdobramentos, vamos falar de política, e como ela se utiliza dessas tragédias para se elevar.
Para entendermos melhor a situação que descreverei, terei que explanar um pouco da situação da cidade de Duque de Caxias, onde Xerém se situa. No dia 1º de janeiro Alexandre Cardoso (PSB) assume a prefeitura depois de uma eleição com muitas disputas. No cenário vale lembrar que existiam três figurões, o próprio Alexandre, Washington Reis (PMDB) e Zito (PP). Este último governou a cidade por duas vezes, e tentava a reeleição. Duque de Caxias tinha virado uma espécie de “República do café com leite”, com o poder se revezando entre Zito e Washington, e se esperava que isso acontecesse novamente. Vale também dizer que tanto Alexandre Cardoso, quanto Washington eram Deputados Federais, enquanto Zito, que em outrora, espalhou parentes nas prefeituras da baixada, também tinha seus pleitos federais e estaduais, representados ainda por sua mulher e por sua filha. Entendido isso, o cenário político foi surpreendente para alguns. Entre esses três, o segundo turno teve a presença de Alexandre e Washington, deixando o então atual prefeito de fora. Alexandre tinha a liderança e o apoio da Presidente Dilma e do Senador Lindbergh Farias, e o PT está na costura de Alexandre. Ao lado de Washington estava o Governador Sérgio Cabral e o Prefeito do rio de Janeiro Eduardo Paes. Estrategicamente,Caxias é importante no cenário político estadual, perder esta grande colégio eleitoral e ainda com o apoio de Lindbergh seria uma catástrofe para o PMDB. E para quem conhece como trabalha o PMDB, já sabe o que fizeram, foram para cima. Atacaram Alexandre com tudo. Carros de som passavam nas ruas chamando a população contra o “forasteiro”. Não sou o maior defensor de Alexandre, nem tão pouco de seu partido, mas o medo da renovação batia no PMDB, o mesmo medo que já tomava conta de todos em Barra Mansa e em Volta Redonda. Mas a mudança estava no ar, e mesmo através de muitos ataques, Alexandre foi eleito. Washington perdia, claro, lhe restava a deputação federal, mas Duque de Caxias estava na mão de uma certa maneira, do PT.
Ruas de Caxias cobertas de lixo.
O caos que se encontrava e que se encontra Duque de Caxias é um capítulo a parte. A cidade deve milhões a tudo, sem médicos, sem coleta de lixo, com buracos a cada 2 metros e atrasos de funcionários públicos. Rombos deixados por Zito eram descobertos todo dia. Para se ter uma idéia o lixo não era recolhido e se acumulavam nas ruas. Alexandre tinha muito trabalho pela frente, precisaria da ajuda federal, e o PT sabia disso, pois bem, em uma eleição para governador as portas, não precisa dizer para que lado Alexandre cairia.
Xerém início do ano.
Mas a chuva caiu e com ela Xerém foi varrida. Um momento político que não poderia ser rejeitado. De pronto o Governador Sérgio Cabral saiu da toca, mandou Pezão, seu vice e pré candidato a governador para Caxias, para remendar situações.Nos bastidores a movimentação foi intensa. Washington recebendo ordens de Cabral se chegou, e através de tapas nas costas se fez amigo, aliado, e começou a circular inclusive boato de que existiria uma aproximação para o PMDB fazer parte da base do novo governo, claro, tudo intermediado pela ajuda que Cabral mandaria para Caxias, e que o município tanto precisaria. Pessoas próximas garantem, que tudo mudará para 2014 e que Lindbergh perdeu o apoio de Alexandre. Não sei se isso aconteceria, mas o que sei é que aquela região abandonada pelo antigo prefeito e por autoridades estaduais, de uma hora para outra, virou uma batalha política. Cidades viram reféns por causa de péssimas administrações e por causa de vontades individuais. As vítimas logo serão esquecidas, e novamente abandonadas, as eleições são de dois em dois anos, mas a lembrança do eleitor não dura isso tudo, mas o s acordos ficam. Xerém sempre esteve lá, mas não era costume de Pezão ir por lá.
Esse é o PMDB, que tenta travar a sua queda no Rio. A batalha eleitoral de 2014 é enorme, mas a vontade de não perder o poder é maior. O crescimento da figura de Lindbergh é grande em todo estado, e isso preocupa tanto o PMDB, que as pressões a níveis federais já começaram, e se fala em uma intervenção no PT do Rio de Janeiro, caso o senador decida realmente prosseguir com o plano de ser governador. Claro que essa intervenção é aramada pelo PMDB, em Brasília, forçando Dilma e Lula, em troca de apoios. Quem com porcos se misturam, farelos comem.
A verdade é que nada foi feita até então por aquela região. Novas chuvas chegarão e não me admiraria de ler notícias de novas tragédias, pois a motivação é política e não social, essas pessoas são votos, e não pessoas, é a conseqüência de um país sem educação. Até o Zeca Pagodinho, que ajudou muito as pessoas daquela região tem muito a dizer sobre os políticos. Termino então com as palavras do Zeca e com a sua análise. As chuvas caem e levam tudo, mas as nossa escolhas precisam ser melhores, antes que as águas da política levam nossa esperança de vez.



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