Toda tragédia é uma tristeza, mas na política,
algumas podem virar soluções. Em Xerém isso pode estar virando realidade. Só
quem perde são aqueles que além de terem perdido suas casas, ainda perdem a
dignidade de serem usados para o jogo do poder. Porque as coisas não são feitas
antes? Porque assim ninguém lembraria na eleição que ainda virá. A máxima da
política brasileira.
Cenário de destruição em Xerém no início do ano, |
Ainda motivado pela postagem de ontem,
gostaria de continuar falando sobre as catástrofes cariocas e suas anomalias
políticas. No dia de hoje falaremos sobre Xerém, que teve sérios problemas com
a chuva no início do ano, matando 2 pessoas e deixando milhares de pessoas desabrigadas. Mas apesar
do tema ser as chuvas e seus desdobramentos, vamos falar de política, e como
ela se utiliza dessas tragédias para se elevar.
Para entendermos melhor a situação que
descreverei, terei que explanar um pouco da situação da cidade de Duque de
Caxias, onde Xerém se situa. No dia 1º de janeiro Alexandre Cardoso (PSB)
assume a prefeitura depois de uma eleição com muitas disputas. No cenário vale
lembrar que existiam três figurões, o próprio Alexandre, Washington Reis (PMDB)
e Zito (PP). Este último governou a cidade por duas vezes, e tentava a
reeleição. Duque de Caxias tinha virado uma espécie de “República do café com
leite”, com o poder se revezando entre Zito e Washington, e se esperava que
isso acontecesse novamente. Vale também dizer que tanto Alexandre Cardoso,
quanto Washington eram Deputados Federais, enquanto Zito, que em outrora,
espalhou parentes nas prefeituras da baixada, também tinha seus pleitos
federais e estaduais, representados ainda por sua mulher e por sua filha.
Entendido isso, o cenário político foi surpreendente para alguns. Entre esses
três, o segundo turno teve a presença de Alexandre e Washington, deixando o
então atual prefeito de fora. Alexandre tinha a liderança e o apoio da
Presidente Dilma e do Senador Lindbergh Farias, e o PT está na costura de
Alexandre. Ao lado de Washington estava o Governador Sérgio Cabral e o Prefeito
do rio de Janeiro Eduardo Paes. Estrategicamente,Caxias é importante no cenário
político estadual, perder esta grande colégio eleitoral e ainda com o apoio de
Lindbergh seria uma catástrofe para o PMDB. E para quem conhece como trabalha o
PMDB, já sabe o que fizeram, foram para cima. Atacaram Alexandre com tudo.
Carros de som passavam nas ruas chamando a população contra o “forasteiro”. Não
sou o maior defensor de Alexandre, nem tão pouco de seu partido, mas o medo da
renovação batia no PMDB, o mesmo medo que já tomava conta de todos em Barra
Mansa e em Volta Redonda. Mas a mudança estava no ar, e mesmo através de muitos
ataques, Alexandre foi eleito. Washington perdia, claro, lhe restava a
deputação federal, mas Duque de Caxias estava na mão de uma certa maneira, do
PT.
Ruas de Caxias cobertas de lixo. |
O caos que se encontrava e que se encontra
Duque de Caxias é um capítulo a parte. A cidade deve milhões a tudo, sem
médicos, sem coleta de lixo, com buracos a cada 2 metros e atrasos de
funcionários públicos. Rombos deixados por Zito eram descobertos todo dia. Para
se ter uma idéia o lixo não era recolhido e se acumulavam nas ruas. Alexandre
tinha muito trabalho pela frente, precisaria da ajuda federal, e o PT sabia
disso, pois bem, em uma eleição para governador as portas, não precisa dizer
para que lado Alexandre cairia.
Xerém início do ano. |
Mas a chuva caiu e com ela Xerém foi varrida.
Um momento político que não poderia ser rejeitado. De pronto o Governador Sérgio
Cabral saiu da toca, mandou Pezão, seu vice e pré candidato a governador para
Caxias, para remendar situações.Nos bastidores a movimentação foi intensa.
Washington recebendo ordens de Cabral se chegou, e através de tapas nas costas
se fez amigo, aliado, e começou a circular inclusive boato de que existiria uma
aproximação para o PMDB fazer parte da base do novo governo, claro, tudo
intermediado pela ajuda que Cabral mandaria para Caxias, e que o município
tanto precisaria. Pessoas próximas garantem, que tudo mudará para 2014 e que
Lindbergh perdeu o apoio de Alexandre. Não sei se isso aconteceria, mas o que
sei é que aquela região abandonada pelo antigo prefeito e por autoridades
estaduais, de uma hora para outra, virou uma batalha política. Cidades viram
reféns por causa de péssimas administrações e por causa de vontades
individuais. As vítimas logo serão esquecidas, e novamente abandonadas, as eleições
são de dois em dois anos, mas a lembrança do eleitor não dura isso tudo, mas o
s acordos ficam. Xerém sempre esteve lá, mas não era costume de Pezão ir por
lá.
Esse é o PMDB, que tenta travar a sua queda
no Rio. A batalha eleitoral de 2014 é enorme, mas a vontade de não perder o
poder é maior. O crescimento da figura de Lindbergh é grande em todo estado, e isso
preocupa tanto o PMDB, que as pressões a níveis federais já começaram, e se
fala em uma intervenção no PT do Rio de Janeiro, caso o senador decida
realmente prosseguir com o plano de ser governador. Claro que essa intervenção
é aramada pelo PMDB, em Brasília, forçando Dilma e Lula, em troca de apoios.
Quem com porcos se misturam, farelos comem.
A verdade é que nada foi feita até então por
aquela região. Novas chuvas chegarão e não me admiraria de ler notícias de
novas tragédias, pois a motivação é política e não social, essas pessoas são votos,
e não pessoas, é a conseqüência de um país sem educação. Até o Zeca Pagodinho,
que ajudou muito as pessoas daquela região tem muito a dizer sobre os
políticos. Termino então com as palavras do Zeca e com a sua análise. As chuvas
caem e levam tudo, mas as nossa escolhas precisam ser melhores, antes que as
águas da política levam nossa esperança de vez.
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