quinta-feira, 7 de março de 2013

A MORTE DE CHAVEZ E O MEDO DE SERMOS UM PAÍS MAIS JUSTO


O ano começou com todos os tipos de surpresas e acontecimentos. Chegamos em março e o seu início já nos revela uma fração da história. A morte de Chavez, de uma certa maneira não abala o mundo, já que muitos já esperavam, devido ao grave estado de saúde do Presidente venezuelano. Um dos líderes mais polêmicos da nossa atualidade, Chavez causa um enorme frisson em algumas pessoas e muito ódio em outras.
Na parte do ódio, podemos citar como afirmações, que a política adotado pelo “comandante”, não foi absorvida por muitos como algo que realmente pudesse existir. Na cabeça de muitos, governar para o povo é complicado. Expropriar terras é uma expressão antiga e que pode ser bem empregada até os dias atuais, principalmente se for para defender o próprio país. Os que odeiam Chavez citam o que contra ele? Ditadura? Mas ele foi eleito democraticamente em todas os seus mandatos. Ditadura, seria o golpe que ele mesmo sofreu no ano de 2002, que como sempre, na história dos golpes da América Latina, a participação dos Estados Unidos nunca fica clara, mas acontece.Outra acusação seria a falta da liberdade de imprensa. Essa discussão merece atenção, mas façamos um comentário simples. Seus opositores nunca deixaram de falar, e a nossa mídia nunca deixou de reproduzir. Não se lembra por exemplo que no referendo realizado em 2007, a proposta de Chavez foi negada pelo povo, e ele mesmo a acatou. Mas o chamam de ditador. Ditadura foi o que houve aqui, onde a imprensa não existia, onde as organizações de base eram caladas e partidos extintos. O ódio por Chavez pode ser entendido no último parágrafo deste texto.
Cotejo fúnebre de Hugo Chavez
Para os que o adoram, ou simplesmente o admiram, resta a sensação de a palavra “Socialismo” não morreu. O povo venezuelano o adora. E neste momento passando pelos canais de notícias, a imagem direta de Caracas, nos mostra a movimentação intensa desse da população em seu velório. Os índices em uma séries de setores da sociedade venezuelana revelam essa adoração. A pobreza despencou de 70,8%, em 1996, para 21%, em 2010, e a extrema pobreza caiu de 40%, em 1996, para 7,3%, em 2010. Esses pontos são muito importantes para se entender as razões para que a população o ame. Antes de Chavez, a Venezuela tinha muito dinheiro proveniente do petróleo, mas não dividia com a população e sim com as elites, fator esse que pode explicar o clamor do povo venezuelano pelo seu líder. Não há razões para classificarmos o governo de Chavez como ditatorial, apesar de indiscutível o seu centralismo. Outro fator importante de lembrar foi a diminuição do índice de analfabetismo, e o investimento na estrutura dos serviços públicos. Como a Venezuela é um dos maiores produtores de petróleo do mundo, assim como o Brasil, a diferença é que por lá, a população enche o tanque de um carro de 50 litros por menos de 10 reais, e por aqui, pagamos quanto?

O ódio por Chavez pode ser compreendido pelo simples fato de que existe um grande medo das nossas elites, e das mesmas espalhadas pelo mundo, de que o social fale mais alto. E falando de Brasil, vejo muitos que não sabem o que é uma fila de um posto de saúde, muito menos o significado do termo “extrema pobreza”, falar mal de Chavez, sem se quer fazer uma avaliação correta de seu governo. O medo de que isso se espalhe pela América Latina, deixa, por exemplo, os Estados Unidos em polvorosa. Imagine, se alguém começar a dar atenção para ao mais pobres, não dar a elite o dinheiro que pede, investir em educação e serviços públicos, dividir com a população suas riquezas naturais e não acatar intervenção estrangeira, no Brasil com certeza esse cara não governaria, mas na Venezuela governou. Que Chavez teve erros, é verdade, e não se pode dizer que não, mas como criticar-lo por esses erros se temos um Senado corrupto, presidido por um ladrão. O socialismo ainda existe, e que acompanhemos com cuidado os próximos passos da política venzuelana, ela ainda pode nos revelar muita coisa, até nossos medos.

2 comentários:

  1. Parabenizo Samuel, mais uma vez, por suas opiniões lúcidas. Chavez foi acusado muitas vezes de populista e/ou ditador. Quem gosta de Chamar Chavez de ditador são as empresas brasileiras de comunicação que, ao contrário do que ocorre países democráticos como os EUA e Inglaterra, desenvolvem suas atividades sem QUALQUER regulamentação, sem lei ALGUMA que estabeleça o que e como podem atuar no Brasil. São heranças da ditadura militar.

    Na Venezuela de Chavez as coisas não funcionaram assim. A maior rede de TV de lá, na época a RCTV, CONSPIROU JUNTO COM MILITARES para dar um golpe que fracassou. De acordo com as leis do país, RCTV foi fechada. Isso serviu de alerta aos governos da América Latina que, ao promoverem maior distribuição de riquezas, irritou os acionistas (algumas famílias) dessas empresas de comunicação. A Globo entre elas. Ora, como chamar de ditadura um regime baseado na votação direta para os diversos níveis, com ampla participação popular MESMO COM O VOTO NÃO SENDO OBRIGATÓRIO? Nas últimas eleições, 80% dos venezuelanos compareceram às urnas POR LIVRE E ESPONTÂNEA VONTADE.

    Sobre o populismo de Chavez... é piada né? Me aponte algum político por aí que diga: "Eu sou populista!". Populismo é um palavrão inventado por alguns sociólogos pra explicar porque o povo não faz o que eles esperavam que fossem fazer. Basicamente é o seguinte: "populista é o político que eu não gosto, mas que o povo gosta" explicação pra esse gosto estranho do povo: "o povo é burro (logo eu sou super inteligente!!!) e manipulado, e a oposição é reprimida seja pela maioria, seja pela polícia". Compra essa bobagem quem quiser.

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  2. Vendo pela tv as notícias sobre a morte de Chavez, me surpreendi ao ver o clamor e a comoção do povo venezuelano, na verdade, eu não tinha noção do quanto o ex-presidente era querido e amado pelo povo, e isso me champou a atenção e foi inevitável não fazer a conexão com outro país que vive sob outro regime de exceção: Cuba. Tenho um amigo que vai a Cuba de tempos em tempos, e sempre me relata suas viagens, em especial:O quanto o povo cubano ama e idolatra Fidel Castro. Chavez e Fidel foram a sua maneira dois grandes presidentes, independentes de regimes de governo, ambos souberam cultivar o povo de forma que diante da morte de um deles, vemos tal comoção que nos mostra o quanto Chavez é querido pelo povo venezuelano.
    Não é preciso ser um estudante de História para saber que os regimes de ditadura (inclusive aqui no Brasil), sempre foram patrocinados pelos EUA. O medo de que o socialismo ultrapassasse as fronteiras de Cuba sempre assombrou os norte americanos a tal ponto que nos mostra a história.
    Chavez teve sim em seu governo atitudes arbitrárias dignas de um grande ditador. Por outro lado a história contemporânea da Venezuela nos mostra em seu antes e depois de Chavez , que ele fez um bom governo, e que foi muito bom para o povo, prova disso é toda essa comoção em torno da sua morte.
    Creio que o socialismo revive a cada vez que um Hugo Chavez toma a história pelas mãos...e é com pesar que vemos o "Chavismo" morrer com Hugo Chavez, ele não teve tempo de fazer um sucessor, e o seu candidato a presidência da Venezuela, não tem nem de longe o carisma e a força pessoal de Hugo Chavez.

    Boas reflexões Samuel, e desde já um bom fim de semana!
    Cris Penaforte

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