A internet trouxe a coragem para alguns
justificarem o injustificável e defenderam o racismo, a misoginia, a homofobia
e a intolerância religiosa. Esse canal, que deveria ser de informação, está
mais para um circo de horrores. Muita gente esquece que a internet tem lei, e
uma delas é respeitar o próximo, e suas diferenças, não importando qual seja.
A internet tem sido mais do que um canal de
acesso a informação, se tratando de Redes Sociais, chega a beirar uma arma de
destruição em massa. Ela tem produzido um debate que muitas vezes não agrega
nada, e muitos daqueles que fazem questão de emitir sua opinião, a fazem com
clareza e qualidade. As Redes Sociais vieram para transformar a sociedade, e
mudar a maneira como as pessoas se portam, e isso tanto nas relações pessoais
como profissionais. Essa mudança comportamental fez nascer também o pior das
pessoas, na verdade dizer que fez nascer é errôneo demais, o certo é que a
internet deu voz ao pior das pessoas. Esse “pior” vem em forma de muitas
coisas, homofobia, racismo, xenofobia, machismo, intolerância religiosa,
misoginia e outros. Todas as atitudes acima tem acontecido e muito em qualquer
rede social, mas o que mais espanta é que os autores dessas atitudes encontram
mais adeptos, que os defendem e os justificam, e aí é que mora o perigo, a
justificativa.
No caso da menina que foi violentada por 30
homens no Rio de Janeiro no ano passado, conseguimos ver claramente como as
pessoas arrumam justificativas para aquilo que concordam, não importando o
absurdo que seja. As Redes Sociais ainda protagonizam momentos em que dá para
perder a esperança no ser humano, como os comentários na postagem de Taís
Araújo onde várias pessoas pediam o cabelo dela para lavar louças. O
inacreditável toma forma, quando a própria internet vira palco para
“personalidades”, destilarem seus discursos de ódio, como é o caso de Malafaia
e Bolsonaro. Para esses dois exemplos citados as justificativas chegam a ser
ridículas e misturam intolerância religiosa, homofobia e claro, populismo
político.
Em uma pesquisa realizada em 2016, pelo
projeto Comunica que Muda, demonstrou que o discurso de ódio do Brasileiro na
internet é alarmante. Entre abril e Junho, foram identificados em Redes
Sociais, durante a pesquisa, 393.284 menções, sendo 84% delas com abordagem
negativa, de exposição do preconceito e da discriminação. A internet veio para
deixar claro que somos um país racista e com um discurso afiado de ódio. Nessa
mesma pesquisa o segundo assunto com mais menções negativas foi contra a
mulher, o que prova que o retrato da sociedade machista patriarcal agora tem
perfil na internet, ganha espaço na televisão diz que não estupra alguém porque
especificamente essa mulher não merece, como se tivesse mulher que merecesse.
A Rede Social, com o advento da internet, deu
voz aos loucos, e o melhor para eles, tirou a ideia de se mostrar livremente,
ou seja, elas podem destilar seu ódio escondido atrás de um computado e
acessando seu perfil quilômetros de distância do ofendido. A internet criou a
ideia de que não existe regras, e que podemos viver em um medievalismo virtual.
A Internet conseguiu modernizar a disputa de classe, e segregar com mais
qualidade ainda. Se a internet existisse durante a escravidão no Brasil,
veríamos discursos iguais aos de hoje justificando o racismo. Imaginem, Barões
e Baronesas com seus perfis afirmando que com a escravidão o Brasil era
economicamente ativo e vivo. Fico imaginando o perfil do Fernando Holliday,
menininho do MBL, em 1850 dizendo: “O Brasil é o café, e o café é o negro”.
Precisamos combater esse discurso e analisar
profundamente o quanto as Redes Sociais estão sendo usadas para voltarmos no
tempo, e sendo usados por alguns, para justificar o injustificável.
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