terça-feira, 7 de março de 2017

A INTERNET E SUA CAPACIDADE DE PRODUZIR O PIOR DAS PESSOAS

A internet trouxe a coragem para alguns justificarem o injustificável e defenderam o racismo, a misoginia, a homofobia e a intolerância religiosa. Esse canal, que deveria ser de informação, está mais para um circo de horrores. Muita gente esquece que a internet tem lei, e uma delas é respeitar o próximo, e suas diferenças, não importando qual seja.


A internet tem sido mais do que um canal de acesso a informação, se tratando de Redes Sociais, chega a beirar uma arma de destruição em massa. Ela tem produzido um debate que muitas vezes não agrega nada, e muitos daqueles que fazem questão de emitir sua opinião, a fazem com clareza e qualidade. As Redes Sociais vieram para transformar a sociedade, e mudar a maneira como as pessoas se portam, e isso tanto nas relações pessoais como profissionais. Essa mudança comportamental fez nascer também o pior das pessoas, na verdade dizer que fez nascer é errôneo demais, o certo é que a internet deu voz ao pior das pessoas. Esse “pior” vem em forma de muitas coisas, homofobia, racismo, xenofobia, machismo, intolerância religiosa, misoginia e outros. Todas as atitudes acima tem acontecido e muito em qualquer rede social, mas o que mais espanta é que os autores dessas atitudes encontram mais adeptos, que os defendem e os justificam, e aí é que mora o perigo, a justificativa.
No caso da menina que foi violentada por 30 homens no Rio de Janeiro no ano passado, conseguimos ver claramente como as pessoas arrumam justificativas para aquilo que concordam, não importando o absurdo que seja. As Redes Sociais ainda protagonizam momentos em que dá para perder a esperança no ser humano, como os comentários na postagem de Taís Araújo onde várias pessoas pediam o cabelo dela para lavar louças. O inacreditável toma forma, quando a própria internet vira palco para “personalidades”, destilarem seus discursos de ódio, como é o caso de Malafaia e Bolsonaro. Para esses dois exemplos citados as justificativas chegam a ser ridículas e misturam intolerância religiosa, homofobia e claro, populismo político.
Em uma pesquisa realizada em 2016, pelo projeto Comunica que Muda, demonstrou que o discurso de ódio do Brasileiro na internet é alarmante. Entre abril e Junho, foram identificados em Redes Sociais, durante a pesquisa, 393.284 menções, sendo 84% delas com abordagem negativa, de exposição do preconceito e da discriminação. A internet veio para deixar claro que somos um país racista e com um discurso afiado de ódio. Nessa mesma pesquisa o segundo assunto com mais menções negativas foi contra a mulher, o que prova que o retrato da sociedade machista patriarcal agora tem perfil na internet, ganha espaço na televisão diz que não estupra alguém porque especificamente essa mulher não merece, como se tivesse mulher que merecesse.
A Rede Social, com o advento da internet, deu voz aos loucos, e o melhor para eles, tirou a ideia de se mostrar livremente, ou seja, elas podem destilar seu ódio escondido atrás de um computado e acessando seu perfil quilômetros de distância do ofendido. A internet criou a ideia de que não existe regras, e que podemos viver em um medievalismo virtual. A Internet conseguiu modernizar a disputa de classe, e segregar com mais qualidade ainda. Se a internet existisse durante a escravidão no Brasil, veríamos discursos iguais aos de hoje justificando o racismo. Imaginem, Barões e Baronesas com seus perfis afirmando que com a escravidão o Brasil era economicamente ativo e vivo. Fico imaginando o perfil do Fernando Holliday, menininho do MBL, em 1850 dizendo: “O Brasil é o café, e o café é o negro”.

Precisamos combater esse discurso e analisar profundamente o quanto as Redes Sociais estão sendo usadas para voltarmos no tempo, e sendo usados por alguns, para justificar o injustificável.

Nenhum comentário:

Postar um comentário