Com
Medo de Marina Silva Governistas e Tucanos tentam buscar discurso para temas
tabus.
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Por Samuel Maia - Duque de Caxias |
Depois do segundo
turno das eleições presidenciais de 2010 ter sido marcado pelo conservadorismo,
assuntos polêmicos como descriminalização das drogas, legalização do aborto e
união civil entre pessoas do mesmo sexo já começaram a ser explorados, a mais
de um ano da eleição, no debate eleitoral antecipado. Apesar de alguns
dirigentes partidários e candidatos terem posições favoráveis, esses temas
costumam ser enterrados durante a campanha, em troca de apoio das igrejas
evangélicas e católica, que têm sido decisivas para definir as eleições.
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Desenvolvimento Sustentável é a Meta. |
Dos quatro
pré-candidatos a presidente da República ano que vem, dois deles, a presidente
Dilma Rousseff e o senador tucano Aécio Neves (MG), têm posições mais próximas
da chamada linha progressista em alguns desses temas. Os outros dois, a
ex-senadora Marina Silva (ainda sem partido) segue a linha da construção de
consenso pelo diálogo e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB),
é mais afinado com os conservadores.
Em uma tentativa de
reaproximação com a juventude, que se desconectou do PT e foi para as ruas em
junho, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, defendeu, no lançamento de
sua candidatura à reeleição para o comando partidário, no último dia 13, a
descriminalização das drogas leves e a “liberdade sexual”. Ele sugeriu a
inclusão desses pontos no programa de governo a ser proposto por Dilma Rousseff
em sua campanha por um segundo mandato.
— Precisamos estar
atentos às políticas que calam fundo junto à juventude, toda a questão que diz
respeito à liberdade sexual, à questão da descriminalização das drogas leves, a
proteção à juventude, sobretudo a juventude negra, que nós temos de 20 mil a 25
mil jovens negros assassinados por ano — defendeu Falcão.
A descriminalização das drogas leves,
como a maconha, porém, não é consenso no PT. Ex-ministro da saúde, o senador
Humberto Costa (PT-PE) afirmou que esse debate ainda tem que ser aprofundado:
— Eu já tive
posição mais forte em defesa da descriminalização das drogas leves, mas hoje
não defendo com a mesma ênfase. Pessoas que têm predisposição à dependência têm
nas drogas leves uma porta de entrada para drogas mais pesadas. Mas também não
concordo com a criminalização do uso. Não há consenso dentro do partido e a
presidente Dilma, até o momento, também não manifestou essa ideia — explicou o
senador petista.
No PT, os temas
dividem não apenas o seu presidente, Rui Falcão, e Humberto Costa. Com suas diferentes
alas, algumas delas ligadas à Igreja Católica, o partido dificilmente
conseguirá um consenso neste campo. Mas não estará sozinho.
Heloísa Helena, Suplicy e Marina Silva por Uma Nova Política
Ideologias diferentes, mas discursos
nem tanto assim
No PSDB, ocorre o mesmo dilema do PT.
Apesar de o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defender de público —
depois que deixou o Palácio do Planalto — a descriminalização das drogas, o
pré-candidato tucano, senador Aécio Neves (MG), afirmou não concordar com essa
tese. Mas o tucano tem posição mais liberal em relação a outros temas.
— Não é coincidente com a minha (a
opinião de FH sobre as drogas). Não acho que o Brasil tenha que ser cobaia
dessa experiência. Não conheço nenhum país do mundo onde essa experiência foi
positiva — disse Aécio ao GLOBO.
O mineiro disse que apoia a
interrupção da gravidez só nos casos já previstos em lei — estupro, risco de
vida para a mãe e anencefalia — e que é favorável à união homoafetiva, já
reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal.
Ressaltando que é apenas presidente do PSDB, o tucano disse que a
eventual pressão de lideranças religiosas não mudaria suas convicções:
— Em uma campanha, você tem que ser
verdadeiro, tem que externar suas posições.
Rui Falcão deu a largada na
exploração eleitoral desses temas não só ao defender que constem da plataforma
da campanha de Dilma, mas também ao criticar Marina Silva, que está em segundo
lugar nas pesquisas de intenção de voto. Falcão disse, na mesma ocasião, que a
ex-petista Marina terá dificuldade na campanha, principalmente junto aos jovens
dos centros urbanos, por sua “posição conservadora”. Marina é evangélica, mas,
com formação na Teologia da Libertação.
Nas eleições de 2010, Marina buscou o
consenso e defendeu a realização de um plebiscito sobre legalização do aborto e
descriminalização das drogas. Ela se posicionou a favor da união civil entre
pessoas do mesmo sexo, mas não do casamento. Aliado de Marina, o deputado
Alfredo Sirkis (PV-RJ), favorável à descriminalização das drogas e à
legalização do aborto, rebateu o presidente do PT:
— Isso apenas registra qual vai ser a
linha de ataque do setor mais sectário do PT, representado por ele (Falcão).
Tanto (José) Serra quanto Dilma tiveram posição muito mais conservadora do que
ela (Marina). Marina pareceu mais moderna do que eles, apesar de seu perfil
religioso. Eles foram oportunistas. Defenderam a vida inteira a legalização do
aborto e mudaram de posição na campanha. Eu prefiro uma pessoa com quem tenho
discordância, mas é autêntica, do que o oportunismo.
Eduardo Campos afirmou, por meio de
sua assessoria de imprensa, ser contra a descriminalização das drogas e a
legalização do aborto, e que apoia a interrupção da gravidez apenas nos casos
já previstos em lei.
Fonte O Globo
Retirado do blog de Samuel Maia - blog Samuel Maia
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