Ser historiador é algo espetacular e ingrato ao
mesmo tempo. Entender nós mesmos através do nosso passado é uma tarefa ingrata,
principalmente em um país onde a Educação é abandonada para que no presente
seja vendida uma ideia ilusória de um futuro promissor a um povo, sem futuro.
Dialogando com o passado e o futuro, assim como disse Edward Carr, definimos a
nossa vida, a vida de historiador.
O historiador é no mínimo um ser estranho.
Tem, talvez a função mais ingrata do mundo, que é tentar elucidar o passado,
fazendo grandes alardes sobre o futuro, e vendo no presente muitas razões para
entender o passado. Tudo isso passa a ser uma balela na medida em que muitas
vezes cai no erro de ser anacrônico, e fingir que não somos fruto deste passado
a ser desvendado e minuciosamente analisado.
Mas apesar de seus erros e acertos, o
trabalho do historiador pode ser visto como algo muito ingrato. Pois suas
análises precisam ser discutidas e atribuídas a outras análises.A ingratidão
que cito ao meu ver, como experiência de causa, é que pela maioria das vezes,
apesar de obter o conhecimento não consegue ser entendido, ao tentar explicar
por exemplo, que somos hoje o fruto de nossas escolhas errôneas no passado, que
não precisa propriamente ser tão distante assim.
Outra ingratidão é não conseguir entender por
muitas e muitas vezes, que se está vivendo um momento crucial da história e
acabar servindo como esteio para jogadores de xadrez em um tabuleiro social,
onde a luta de classes é fomentada para alimentar a sede de poder de poucos
sobre muitos.
O historiador passa a margem da sociedade. É
visto como louco e às vezes é mesmo. Também, como não ficar, após principalmente
parecer ter acordado de um sono profundo, onde a ilusão é acharmos que somos
donos de nossas próprias vidas, e que o sistema existe para nos controlar e
manter nosso bem estar. O historiador após tomar a pílula vermelha, se liberta
da “Matrix”, e começa a perceber que na verdade tudo faz sentido demais. Essa
sensação, não é sempre sentida, e as vezes o historiador se vira contra si
mesmo, e decidi servir ao sistema.
Ser historiador é saber que o conhecimento é
algo tangível, porém buscado todos os dias e inalcançável em sua totalidade. Os
dias sempre aguardam o historiador com novidades,e até mesmo mudanças de
posturas, que podem ser perturbadoras se o historiador se nega a compreender e
respeitar o novo. E através deste crasso erro é que a história teve seus piores
momentos, e as atrocidades mais desumanas ocorreram, entrando para a história.
Ser historiador é ter o que comemorar, apesar
de muitos de nós não sabermos que esse dia é nosso. Ser historiador é sem
sombra de dúvida viver o presente, preocupado com o futuro e quase sempre,
aproveitando um museu de grandes novidades. Como por exemplo a “Educação”, que
sem ser historiador, já se pode perceber que não é tratado como deveria, porque
com ela valorizada o futuro pode ser diferente, e quando o futuro não é
promissor para o povo, então não há futuro.
O dia do historiador pode ser comemorado sim,
e prefiro usar uma frase de Edward Carr para definir meu trabalho: “A
história
é um infindável diálogo entre o passado e o futuro.”. Com essa frase
não só defino meu trabalho como minha vida. Preciso dialogar com o passado para
construir meu futuro. Pena que não é tão simples assim.
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