segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O HISTORIADOR E SEU INFINDÁVEL DIÁLOGO ENTRE O PASSADO E O FUTURO.

Ser historiador é algo espetacular e ingrato ao mesmo tempo. Entender nós mesmos através do nosso passado é uma tarefa ingrata, principalmente em um país onde a Educação é abandonada para que no presente seja vendida uma ideia ilusória de um futuro promissor a um povo, sem futuro. Dialogando com o passado e o futuro, assim como disse Edward Carr, definimos a nossa vida, a vida de historiador.

O historiador é no mínimo um ser estranho. Tem, talvez a função mais ingrata do mundo, que é tentar elucidar o passado, fazendo grandes alardes sobre o futuro, e vendo no presente muitas razões para entender o passado. Tudo isso passa a ser uma balela na medida em que muitas vezes cai no erro de ser anacrônico, e fingir que não somos fruto deste passado a ser desvendado e minuciosamente analisado.

Mas apesar de seus erros e acertos, o trabalho do historiador pode ser visto como algo muito ingrato. Pois suas análises precisam ser discutidas e atribuídas a outras análises.A ingratidão que cito ao meu ver, como experiência de causa, é que pela maioria das vezes, apesar de obter o conhecimento não consegue ser entendido, ao tentar explicar por exemplo, que somos hoje o fruto de nossas escolhas errôneas no passado, que não precisa propriamente ser tão distante assim.

Outra ingratidão é não conseguir entender por muitas e muitas vezes, que se está vivendo um momento crucial da história e acabar servindo como esteio para jogadores de xadrez em um tabuleiro social, onde a luta de classes é fomentada para alimentar a sede de poder de poucos sobre muitos.

O historiador passa a margem da sociedade. É visto como louco e às vezes é mesmo. Também, como não ficar, após principalmente parecer ter acordado de um sono profundo, onde a ilusão é acharmos que somos donos de nossas próprias vidas, e que o sistema existe para nos controlar e manter nosso bem estar. O historiador após tomar a pílula vermelha, se liberta da “Matrix”, e começa a perceber que na verdade tudo faz sentido demais. Essa sensação, não é sempre sentida, e as vezes o historiador se vira contra si mesmo, e decidi servir ao sistema.

Ser historiador é saber que o conhecimento é algo tangível, porém buscado todos os dias e inalcançável em sua totalidade. Os dias sempre aguardam o historiador com novidades,e até mesmo mudanças de posturas, que podem ser perturbadoras se o historiador se nega a compreender e respeitar o novo. E através deste crasso erro é que a história teve seus piores momentos, e as atrocidades mais desumanas ocorreram, entrando para a história.

Ser historiador é ter o que comemorar, apesar de muitos de nós não sabermos que esse dia é nosso. Ser historiador é sem sombra de dúvida viver o presente, preocupado com o futuro e quase sempre, aproveitando um museu de grandes novidades. Como por exemplo a “Educação”, que sem ser historiador, já se pode perceber que não é tratado como deveria, porque com ela valorizada o futuro pode ser diferente, e quando o futuro não é promissor para o povo, então não há futuro.


O dia do historiador pode ser comemorado sim, e prefiro usar uma frase de Edward Carr para definir meu trabalho: “A história é um infindável diálogo entre o passado e o futuro.”. Com essa frase não só defino meu trabalho como minha vida. Preciso dialogar com o passado para construir meu futuro. Pena que não é tão simples assim.

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