terça-feira, 13 de agosto de 2013

COLUNA CIDADES - BARRA DO PIRAÍ - GRANDES LÍDERES OU INFLUÊNCIA ELEITORAL?

Antônio Sérgio -
Barra do Piraí
Estamos vivendo um tempo no Brasil do surgimento de líderes que se perpetuam mesmo após seus mandatos terminarem, o caso mais famoso é o do ex-presidente Luis Inácio Lula, que com sua forte influencia fez com que fosse eleita a presidente Dilma Rouseff, que mesmo nunca exercido cargo eletivo antes, e com uma oratória não muito boa, ganhou a eleição graças à influência do ex-presidente. Da mesma forma ele foi o responsável pela eleição de Fernando Hadad em São Paulo. É notória que essa influencia tem assustado os adversários políticos que estão às voltas para descobrir como mudar esse quadro, e a mais nova estratégia tem sido atacar o Bolsa Família, será que dará certo? Parece que não.

Mas esse surgimento de lideres influentes mesmo depois de cumprido os seus cargos não é uma exclusividade só da política na esfera federal, pois acontece nos municípios e isso tem sido bem visível aqui em Barra do Piraí, com a figura de José Luis Anchite, que na realidade foi o grande vencedor das ultimas eleições em Barra do Piraí, pois muitos acreditam que ao entrar de cabeça na campanha de Jorge Babo, ele impulsionou de forma consistente o eleitorado barrense a votar em Babo da mesma forma que Lula impulsiona seus eleitores a votar em seus escolhidos e uma coisa é unânime entre os cientistas políticos: esses candidatos não teriam ganho as eleições sem a influência desses grandes líderes.

Mas o que faz surgir o aparecimento desses líderes? Por que eles exercem grande influencia entre o povo? E o mais interessante como e por que conquistaram tamanha influencia?

O fabulosos escritor Fiodor Dostoiévsk, expressou uma teoria muito interessante e a escreveu em seu livro chamado irmãos Karamazov, uma obra prima da literatura mundial. Durante uma passagem desse livro chamada de “ O Grande Inquisidor” é idealizado pelo autor uma vinda de Cristo novamente a Terra para fazer de novo o que ele teria feito na Palestina do sec. I, mas dessa vez ele surge na Espanha, na época da grande inquisição, e acaba sendo preso pelo inquisidor e durante o interrogatório o mesmo acusa-o de querer dar a liberdade a um povo que não sabe desfrutar de tal dom. Usa entre outros argumentos a tentação no deserto quando o interrogado , que é Cristo, se nega a transformar pedras em pães em favor da liberdade, vejamos um pequeno trecho dessa passagem do livro que diz: “ Não há, torno a dizer-te, anseio mais doloroso para o homem que o de encontrar o mais cedo possível um ser a quem entregue este dom da liberdade que o desgraçado traz ao nascer. Mas, para dispor da liberdade dos homens, é necessário dar-lhes paz da consciência. O pão garantia-te êxito; o homem inclina-se diante de quem o dá, porque é coisa incontestada.”

Parece que Dostoiévski estava certo com relação à submissão que o ser humano tem parecido adotar diante de quem o da, principalmente se for pão, algo tão necessário, e parece que em face de certas políticas adotadas algumas pessoas têm entregado a sua liberdade de cobranças, de fiscalização, de protestar e de exigir por resultados e boa administração, por exemplo, nas mãos desses grandes líderes pelo simples fato de as terem dado algo, como o pão por exemplo, daí o êxito ao qual o escritor se referia.

Essa pode ter sido a estratégia de Lula, por exemplo, ao dar um Bolsa-Família, ou ter ampliado o numero de empregos, ou tão somente essa submissão de seus eleitores pode ter sido conseqüência dessas políticas citadas. Talvez uma grande parte dos eleitores tenha esperado por muito tempo por alguém que lhes de pão e não liberdade e pode ser essa a grande dificuldade da oposição hoje, que se encontra diante dos incontestáveis feitos desses líderes populistas e toda dádiva igualmente incontestável.

Em Barra do Piraí essa prostração tem se tornado bem visível face ao surgimento da grande liderança regional exercida por Anchite, que não só conquistou votos para Babo, como confessou num programa de rádio da cidade que no domingo das eleições fez vários telefonemas para o vice-governador Luis Pezão para deixá-lo a par das apurações, e por que não o candidato fez esses telefonemas? Por que Anchite é mais influente que o próprio candidato eleito prefeito.


Um povo escravo se alegra pelo presente de ter ganhado um asfalto em sua rua, uma água encanada, a construção de uma creche, uma praça bonita, coisas que argumentam ter acabado com o fim do sofrimento, algo que os anteriores não foram capazes de fazer. O mais interessante é que essas ações não passam de obrigações dos eleitos, não deveriam ter sido tão festejadas assim, afinal de contas alguém agradece ao taxista por ele ter carteira de motorista e saber onde fica a rua de destino? Alguém agradece ao médico por ele ter se formado em medicina e saber prescrever o medicamento? Alguém agradece ao vendedor por ele ter ido buscar no estoque o sapato de sua preferência e no tamanho certo? Na verdade a resposta só é sim se for por educação e gentileza, mas nunca nos prostraríamos a tais procedimentos, por que no fundo nós bem sabemos que eles não fizeram nada mais que a sua obrigação. Mas quando o assunto é política a coisa muda, o político que cumpre simplesmente com a sua obrigação, mostrando talvez certa competência, hoje em dia pode vir a exercer uma liderança vitalícia. Será que o povo não entende isso? Será esse o poder do que surge ao dar o pão? Ou será ainda mais complicado se descobrirmos que o personagem estava certo, e que muitos não sabem usar da liberdade que a democracia lhes confia e que buscam desesperadamente alguém a quem possa entregar essa liberdade? Talvez algum líder populista que lhes de o pão e lhes escravize a consciência.

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