quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Os Conselhos sem Classe - Uma verdade nua e crua da educação brasileira

Em época de Conselho de classe, é costumeiro professores se sentirem deprimidos. Vários são os motivos para esse mal, porém, nenhum motivo é mais adequado que o fato do fenômeno da pressão sobre as notas vermelhas. O grande dilema com relação a isso é como de uma hora pára outra ela se transforma em algo azul da cor do mar. O mais incrível é o debate em torno disso, o quanto diretores e orientadores se debruçam para achar um culpado. Quem seria o culpado por notas vermelhas? O professor? O aluno? O sistema? A escola? A merendeira? Muitos são os culpados, mas o tempo perdido em acusar alguém, não é o mesmo quando o assunto é tornar a escola algo democrático e participativo. Os conselhos de classe são eventos bimestrais onde muito se fala e nada se acerta. Isso se deve ao fato de que a vontade diretiva é imperada e as notas podem ser modificadas. As justificativas são muitas. O professor tem que buscar uma nova alternativa. Nota vermelha não existe. O Ministério Público vai me pegar. Balela. A escola é uma grande balela e ela se transformou nisso quando deixamos de nos posicionar, aceitando a mistura de educação e política. Diretores indicados trabalhando para as vontades políticas de seus municípios e estados. Toda escola quer ter um bom índice, e vão tentar alcançá-lo de qualquer maneira. Notas vermelhas são do capeta, precisam ser alteradas. Mas se o professor se opuser a isso? Ele passa a ter sérios problemas. Começa uma caça ao pato, várias espingardas apontadas para o seu bico, enquanto o mesmo abaixa a cabeça e começa a fazer colagens no seu diário. Não há mais respeito pelo professor.
O que não se fala em um conselho é quanto um colégio está zoneado e conseqüentemente isso é refletido nos alunos. Colégios sem limites que maquiam a verdade, enquanto a realidade acontecesse de baixo dos nossos narizes. O que falta na educação é gestão. Falamos muito sobre valorização, mas não podemos esquecer que este tema passa por uma gestão descente. Essa gestão, que é feita por “educadores”, é pior do se fosse feita por outro profissional qualquer. A deficiência na gestão faz com que uma escola não ande e se esconda atrás de números mentirosos. Em eventos para toda rede e em inaugurações, esses gestores, fazem pose de intelectuais e de interessados, mas a grande verdade é que a escola é apenas um subterfúgio de se manterem no poder.

O que não posso esconder, é que temos cada dia alunos mais fracos. Eles já chegam ao Ensino Fundamental com sérios problemas de alfabetização, e esse quadro não mudará. A grade curricular, somada a um calendário escolar feito pela CBF, recheado de feriados, não nos dá tempo de fazer um milagre e somos forçados pelos gestores a simplesmente fecharmos os olhos. Vale lembrar, que para se trilhar um nova estratégia escolar é preciso buscar um discurso único, ou seja, toda a escola falar a mesma língua. Mas como fazer isso, se a escola não pode parar? Mas podemos parar para feriados infinitos e razões estranhas. O que falta na verdade é mais de tudo, mas principalmente, uma gestão democrática, onde o colégio é o protagonista social de sua comunidade. A escola tem que deixar de ser uma prisão, para começar a ser um lugar prazeroso de se estar, tanto para alunos quanto para professores, que também são acuados pelo medo. As pessoas que dirigem um colégio têm que entender que se estão em um cargo de tanta importância como esse, não podem se esconder de suas obrigações atrás de desculpas esfarrapadas, como o Ministério Público. Uma escola precisa ter conteúdo, mas precisa ter disciplina consigo mesmo. Quando tudo isso é colocado em cima da mesa em um conselho de classe, ela passa a ser cansativo, porém, necessário. Que a escola tem que mudar, nós já sabemos, mas essa mudança tem que começar por nós professores. Temos que mudar nossa postura de encarar o autoritarismo e a “burrocracia”. Precismos entender que o rendimento não é nosso, é do aluno. Esse termos”seu rendimento” foi inventado para nos passar a idéia de que nós somos responsáveis pela reprovação. É claro que existem professores e professores, mas com certeza a grande maioria passa por cima de inúmeros problemas, como a falta de valorização; falta de estrutura; o medo; e outras coisas mais, e fazem um belo trabalho. Precisamos tomas as rédeas da escola e nos posicionarmos, mesmo de baixo de ameaças.
E as notas? As notas do jeito que existe hoje, na verdade não existe. Precisamos encarar as notas vermelhas de frente e não como um motivo para ganhar mais verba. As notas vermelhas são reais, mas elas não são nada em um universo ainda maior. Para entender isso basta olhar para a nossa sociedade e o seu futuro. Mas o que fazemos com a nota? Se você insiste em se preocupar apenas com nota e fazer o jogo diretivo, não esquente, o diário é de papel, e ele aceita tudo, porém, a vida não.

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