Os mistérios da "Volta da Pedra"

Em 31 de Julho de 2010, foi realizada na quadra poliesportiva do Colégio Padre Anchieta, um evento, que ganhou o nome de audiência pública. O assunto a ser tratado naquele momento era a obra da “Volta da Pedra” em Vista Alegre. Em uma campanha corrente naquele momento, o evento foi marcado por muita emoção crocodilante. Em um jogo aberto, a obra foi atribuída ao Deputado Edson Albertassi, que também concorria a reeleição. A quadra não estava tão cheia assim, mas com as presenças marcantes de funcionários da rádio 88 FM, de propriedade do deputado, e é claro, de representantes das associações de moradores locais, que ninguém sabe quem é até a eleição o evento ocorreu na sua normalidade. O prefeito não tinha muito o que fazer, o circo tinha sido montado pelos vereadores, e só lhe cabia estar lá. Mas coube ao intitulado, “dono da obra”, Ueslei da Farmácia, anunciar que as obras começariam no dia 31 de agosto, e explicar como funcionaria o cronograma de obras. Mais de um ano se passou, mas ainda me lembro da áurea carregada do local, com um som que atrapalhava o entendimento das palavras. Fui embora com o claro entendimento do circo que tinha ocorrido, uma audiência pública que servia como palanque para Albertassi e seus cruzadistas. Pois bem, a obra não começou no dia 31 como anunciado pelo vereador, e no dia 26 de outubro de 2010 o prefeito dá como iniciada as obras, ou seja, mais de 45 dias depois da data anunciada.

Muitas coisas têm que ser explicadas, e uma delas é o fato, que o dinheiro para a realização desta obra vem do governo estadual, portanto, sem a participação da prefeitura. Isto pode dar luz ao porque de uma obra tão necessária e importante para a população de Barra Mansa em geral, e sobre tudo a comunidade de Vista Alegre, só aconteceu agora por uma jogada política. O simples interesse de intervir na hora que fosse mais adequado ao cenário político, prática muito comum no Brasil, ganha sua hora em Barra Mansa, data vista que Albertassi não é deputado só agora, e Ueslei não é amigo do deputado de ontem para hoje. Não havia interesse de que isso fosse resolvido antes, mas claro, tudo seria movimentado, para o momento em que o cenário político estivesse propício para isso, não é a toa que tem vereador não atuante  pensando em ser vice-prefeito. Mais uma vez a população paga pela vontade dos políticos e fica claro que as soluções existem, porém só são executadas no momento em que a vontade política é aguçada. Política velha e atrasada, que alimenta os currais eleitorais espalhados pela nação.

Porém estamos exatamente um ano da data anunciada para o início das obras, o que não ocorreu, e o que é pior, mesmo a obra se iniciando no dia 26 de outubro do ano passado, já era para ter sido finalizada, e não foi. Como você pode ver na foto ao lado, o prazo de execução da obra é de 180 dias, ou seja, seis meses,o que faria com que a obra fosse inaugurada  em abril, ou em maio no máximo. A obra permanece lá. Em 28 de janeiro de 2011, uma matéria no Diário do Vale anuncia que obra começa a avançar. Três meses depois de seu início a obra ainda não tinha avançado, metade do tempo previsto para execução da obra tinha passado, e a mesma não estava dentro do cronograma. Porque não se cumpri prazos no Brasil ? Colocaram 180 dias, só por colocar ? Não. Fixaram esta data, porque, acredito eu, que pessoas preparadas para isso assim analisaram e se fixou uma data. A resposta para o fato de não se cumprir datas de execução no Brasil é simples, não há fiscalização.

Há algum tempo, comentaram aqui no blog, que esta obra tem nome e sobre nome, Uéslei da Farmácia. Então, o fato desta obra não estar pronta é culpa dele ? Deve ser então. A obra é importante, e necessária, mas o que sou contra é o fato da obra não ter terminada na data certa. O fato desta obra causar transtornos, nós já sabíamos, e não tem outro jeito. Mas o transtornos se dariam por 180 dias. Um bairro com apenas um acesso, precisa de ações rápidas. Estamos caminhando para um ano de transtornos, porém, não era para ser 180 dias ? E porque ninguém dá nenhuma explicação ? Porque não fazer uma audiência pública para explicar os atrasos da obra ? Colocar a cara para bater não é uma prática comum entre nossos representantes. Mas a obra não tem dono ? Nesse meio tempo de atraso até acidente já aconteceu na obra. Ficamos as vezes 20 minutos ou mais esperando dentro de um ônibus para passar pela volta da pedra, mas neste momento já éramos para estar apreciando e aproveitando da maravilhosa concessão e misericordiosidade de Albertassi e Uéslei, que esqueceram que foram eleitos para tal cargo, e nos vendem suas benesses. Não seria, por acaso, obrigação dos mesmos vereadores fiscalizarem a execução desta obra dentro de seus prazos ? Posso estar errado, mas poderiam fiscalizar ao invés de ficarem parados lá, com seus olheiros, brigando pelo status de dono da obra. A obra é da população que foi fundamental para que ela saísse. A mobilização da população,foi responsável por esta obra, e não a bondade de nenhum deputado e seu vereador.

De maneira nenhuma sou contra a obra, e falo isso logo, antes que destoem as minhas palavras, mas prezo, assim como qualquer cidadão pagador de seus impostos, que os prazos sejam obedecidos, e os políticos façam os seus trabalhos de maneira correta. O transtorno vivido pela população, que chega atrasado no seu trabalho, que precisa ir ao médico, a criança que tem que ir para escola, enfim, o trabalhador que precisa descansar para começar tudo de novo, já era para ter terminado. Mas a verdade, e o fato, é que não terminou, e agora ? De quem é a culpa ? Minha ? Sua ? Ainda bem que a obra tem nome e sobrenome.