É comum ouvir pelas ruas de Barra Mansa, nos jornais e na boca de alguns políticos críticas ao programa Bolsa Família. Acusam o programa de clientelista, populista e dar o peixe em vez de ensinar a pescar. Eu discordo de todas essas críticas.
Aqueles que acusam o programa de clientelista o fazem porque, segundo eles, o programa geraria uma clientela – isto é – uma parcela da população dependente da ajuda financeira do governo. Essa dependência, associada ao governo do PT, levaria essa clientela a votar religiosamente nesse partido com medo de perder o benefício. Seria uma forma de compra de votos legalizada.
A segunda crítica, de ser um programa populista, é em decorrência da primeira. O governo manipularia o povo convencendo-o de que está ajudando enquanto, na verdade, o está mantendo na mesma condição e lucrando votos com isso. Como se o povo fosse besta e os críticos pessoas super inteligentes (normalmente das classes que não precisam da bolsa).
A terceira crítica é uma síntese metafórica das outras duas, mais bem acabada pois aponta uma solução mesmo que mágica e idealizada: o benefício é um problema porque não combate as causas da pobreza, as causas é que devem ser combatidas e não os sintomas.
Porque essas críticas não tem pé nem cabeça
Vamos da terceira crítica para a primeira. O dinheiro do Bolsa Família é usado, essencialmente, em produtos de necessidade imediata (comida, roupas, higiene) e de baixo valor agregado. São exatamente esses produtos que são produzidos no Brasil e deles dependem a maioria dos nossos empregos. Quem nunca comeu a manteiga ou bebeu o leite Barra Mansa? O dinheiro retido pelo estado com os impostos retorna para quem precisa de verdade e ajuda a economia a crescer e a gerar empregos. Existe jeito melhor de combater a pobreza? Creio que não.
A segunda crítica me parece soberba intelectual. O cidadão vai lá, estuda um pouquinho, aprende a falar difícil e já se sente melhor que a maioria. O argumento se baseia na ingenuidade (ou burrice se preferir) do povo, porque só um povo besta pode se deixar enganar por migalhas. A fome, o amor pela família e um estado que nada faz para melhorar as coisas ficam para segundo plano! Na cabeça de geleia desses inteligentes é a ignorância do povo que sustenta o populismo.
A primeira crítica é tão sem cabimento que me irrita as vezes. Há dez anos atrás as pessoas vendiam seus votos por um litro de leite, um saco de arroz ou feijão. Em uma eleição passada, já depois do Bolsa Família, um candidato de Barra Mansa distribuiu um caminhão de peixe e não ganhou o pleito. O Bolsa Família combate, portanto, o clientelismo e a compra de votos e mais: se antes o eleitor era refém do político e vendia seu voto por feijão, agora o político é refém do eleitor porque se alguém ameaçar mexer no programa não se elegerá nunca mais.
Por fim, existem aqueles que criticam o Bolsa Família porque é um programa do PT. Esses são aqueles que fazem política movidos pelo rancor e não pelo povo. Não gosto do PT, como muitos, e um dia escreverei um texto só pra falar mal desse partido. Mas não podemos jogar a água fora da bacia com o bebê dentro. O que o PT fez de bom deve ser elogiado e aprimorado, e o Bolsa Família é uma dessas coisas.
um nossa
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