Está declarada de vez a guerra a esses seres tão
perigosos, os professores. Mas afinal, existe algo mais perigoso para alguns
que estão no poder, do que a Educação? Decidi então responder a esse Major, que
adora jogar spray em professor gratuitamente e forjar situações que levem
inocentes a prisão. Um desabafo, mas com a certeza de que fui eu mesmo que
escrevi o texto, diferente do texto do Major.
Major Fábio, jogando spray em manifestantes.Ao fundo percebe-se outros policiais rindo da situação. |
Diante
do “desabafo” do Major Fábio Pinto Gonçalves, o mesmo que jogou spray em
professores e deu voz de prisão a um jovem no episódio da tentativa da polícia
militar em forjar um flagrante, tive a repulsa básica de qualquer cidadão, que
está acompanhando os fatos e não aceita ser tachado de idiota. Depois da
repulsa, decidi responder, ponto a ponto. No texto abaixo, onde reproduzirei o
que ele mesmo colocou na sua página no facebook, logo depois excluída, o Major,
apresenta um texto com acusações contra os professores e manifestantes em geral.
Duas coisas são falsas, as acusações, e a autoria do texto. Pode até parecer
preconceito, mas com todo o respeito, esse texto não tem como ser do policial,
disso sabemos.
Primeiramente
irei colocar a postagem do Major na íntegra, e depois responderei. Decidi
responder da mesma maneira que ele fez em seu texto, enumerando as suas
indagações. Então vamos às respostas, porque há muito que dizer, a este absurdo
vivido, e ao que indagar a este senhor que visivelmente como se pode perceber
na foto acima, e no vídeo ao lado, falta com a ética tanto na execução do seu
trabalho, como em seu perfil da rede social.
Texto do major Fábio Pinto Gonçalves, colocado no seu perfil do facebook.
Tenho procurado me abster a
comentários sobe o assunto, mas a forma como estão colocando as coisas dá a
entender que o policial militar é aquele ser humano descabido de razoabilidade.
Logo vou dizer a vcs a verdade dos fatos; pois eu estou TODOS OS DIAS diante
das manifestações populares que estão ocorrendo no centro da cidade.
1-A PM não ataca professores
pois em todos os momentos os professores em sua maioria estabelecem diálogos saudáveis
com a polícia através de cânticos e gritos de ordem;
2- todas as tropas ao meu
comando somente usaram a força para repelir injustas agressões como pedras,
garrafas, cadeiras, mesas, barras de ferro e etc;
3- Fala-se muito de truculência
policial mas e truculência dos manifestantes que me agrediram, me empurraram e
tacaram pedras ninguém fala. Sabendo os senhores agora que eu mesmo tomei
pedradas na coxa, na canela e no ombro e nem por isso disse que foi um
professor pois acho eu que esses não eram professores ou manifestantes e sim
BADERNEIROS e como tal foram tratados;
4- Já prendemos mais de 100
"blak blocs" neste período da dita inércia policial contra eles e o
combate é diário e árduo;
5- Nosso direito termina quando
começa o direito do alheio e mais acho sim que o povo pode se manifestar para
que possam buscar seus anseios profissionais porém respeitando a lei e a ordem;
6- Se alguém acha que ocupar o
plenário de uma câmara é correto, sinônimo de democracia e civilidade me
desculpem ,mas não foi isso que aprendi com meus professores; se acham que o
estado democrático de direito está pautado no direito de se manifestar de
qualquer jeito sem respeitar normas e regras me desculpem não foi isso que
aprendi nos Colégio São Paulo, colégio Pedro II, Escola de Formação de
Oficiais, Escola Superior de Polícia Militar e Fundação Getúlio Vargas;
7-A POLICIA MILITAR DO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO, é a polícia mais antiga do Brasil com 204 anos se fossemos
ruins não sobreviveríamos tanto tempo, "respeitem quem soube chegar à
gente chegou"; não estamos aqui por sorte e sim méritos;
8- Seus inimigos não são a
Polícia são outros portanto identifiquem os mesmos e resolvam nas urnas; sem
falso moralismo ou socialismo barato.
Reproduzido da matéria
do Jornal “O Dia” ( clique no link).
Minha Vez !!!!!!!!
Da mesma maneira resolvi
escrever minhas respostas a esse indivíduo:
1- É claro e óbvio que não atacamos a
polícia, e disso nós e toda a sociedade de verdade, não a retratada pelo seu
patrão (Cabral) e pela Globo, sabemos. Os ataques vêm de vocês, policiais, que
se comportam como donos de algo que não tem, e atacam todos que se opõem aos
interesses dos que governam esse estado.
2- Essa sua justificativa de que as tropas ao
seu comando, apenas reagiram repelindo ações, como pedrada e garrafadas, não
conferem com as imagens. Em muitas delas, tanto vídeos como fotos, comprovam
que mesmo professores sentados no chão, sem obviamente ser um perigo para a integridade
de qualquer um de seus, foram atropelados pelo seu comando. A mesma imagem que
mostra o senhor jogando spray de pimenta, enquanto seus subordinados riem, não
tem qualquer referência a um ataque com pedras e garrafas, muito menos mesas e
barras de ferro. A imagem ao lado, caso o senhor não lembre, mostra uma
agressão gratuita, de um homem abusando de seu poder. Da mesma maneira que o
senhor mesmo dá voz de prisão a uma ação forjada.
3- Interessante. O senhor quer falar da truculência
que os professores, ou manifestantes, ou baderneiros lhe fizeram. Não sou a
favor da agressão de nenhum dos lados, porém, a justificativa usada pela
polícia para o uso da força, é que a mesma reagiu, e o manifestante, reage à
truculência, a violência da polícia de que jeito, mandando beijos? Senhor
Major, boneco de farda, não seja hipócrita, porque a agressão gratuita,
reconhecida por todos, e protagonizada pela polícia iria gerar o que?
Manifestantes enviando ofícios? Esses baderneiros, palavra essa que tenho a
certeza, o senhor não conhece seu significado, não foram tratados como tal,
foram tratados de uma maneira que muitos bandidos, os senhores não tratam. Eles
foram tratados como um Amarildo. Eles foram tratados da maneira que o Cabral e
o comando da polícia mandaram. Só que é bom refrescar a memória, porém vale
lembrar que só tem esse privilégio, da lembrança, aquele que apanha o que bate
esquece, e muitas vezes mentem. Antes do professor, ou manifestante, virar
baderneiro, na sua visão, de que maneira ele foi tratado? E lhe faço essa
pergunta querendo acreditar que o senhor diz a verdade, o que é difícil, para
quem é capaz de forjar um flagrante para prejudicar uma pessoa, algo provado em
vídeo.
4- A sua indagação de que a polícia já
prendeu mais de 100 “blak blocks”, não muda nada, e sobre a inércia policial,
ela não está em debate, e se tem uma coisa que vocês, policiais, não estão é
inertes, porém também não estão com a razão. Sobre a inércia policial, deixamos
para debater esse assunto, nos lugares onde moramos, e que vivemos com medo, e
principalmente, quando não sabemos quem é o mocinho, ou o bandido.
5- O item 5 abordado pelo senhor, eu concordo
em partes. Quero chamar a atenção para que o fato de que a lei tem de ser
respeitada diante das cenas lamentáveis vistas, onde a polícia age como
bandido. E sobre a “Ordem”, ela não foi alterada, pelo menos não antes da
polícia agir. Vale ressaltar, já que o senhor tocou no assunto da Lei, que não
se pode invadir um local com um mandado errado, não específico para tal ação,
da mesma maneira que foi feita pela polícia na Câmara de Vereadores há uma
semana. De uma coisa eu sei o Senhor conhece muito sobre “ordens”, as cumpre
muito bem. Mas dentro da Lei?
6- Ocupar a Câmara não é o que gostaríamos,
mas se transforma no necessário, na medida em que precisamos de ações de
pressão, para que minimamente, nos ouçam e nossas vozes sejam atendidas. Porém,
seria errado analisar, que ocuparmos a Câmara de Vereadores, passa a ser algo
indigno do estado de direito, pois a mesma é nossa, e financiada por nós,
capitaneada por nossos votos e direitos civis. Da mesma ordem é estranho ouvir,
que índios foram expulsos de terras sob um mandato de reintegração de posse. No
mínimo estranho, mas bem usado, em um texto, que teoricamente vem de alguém,
que não conhece o estado, nem o direito. Para terminar este tópico, suas ações
deixam claro que o senhor nada aprendeu em quase nenhum dos colégios que
passou, salvando claro o dois últimos, e disso sabemos todos, e por isso mesmo
não acredito que tenha sido o senhor que escreveu esse texto.
7- Que a Polícia Militar do Rio de Janeiro
tem 204 anos, já sabemos, que é a mais antiga do país, também, que é a mais
corrupta e sem credibilidade, todos sabem. São anos de histórias de todos os
tipos, são anos que temos medo, e dos mais variados. Medo da falta da polícia e
de sua inércia, palavra essa citada pelo senhor mesmo, e medo da atuação da
polícia, que passou a idéia de que o controle, e o poder, estão nas pessoas
fardadas, e que nós, população, não temos direito a nada, diante da truculência
e falta de preparo da polícia. Essa PM, de 204 anos, é a mesma que corporações
inteiras são presas, como a de Caxias, onde pessoas comuns são abordadas e
tratadas como lixo, e que passou a ser conhecida por sua história, como a pior
do Brasil. Por isso, respeito aonde vocês chegaram, foram vocês mesmos com suas
atuações chegaram aonde estão, acuados.
8- Gosto do final do seu texto. Nossos
inimigos são aqueles que nos desrespeitam, aqueles que tratam a Educação com
desprezo. Nós, professores, nunca tratamos, ou consideramos a Polícia nossa
inimiga, mas vocês mesmos, é que se comportaram como tal. Comportaram-se como
cachorros loucos, bonecos de fantoches dos nossos inimigos. Sobre falso
moralismo, disso deixo para sua farda, que vive de fazer cumprir a lei, mas não
sabe o seu real significado. Em relação a sua última citação, “socialismo
barato”, ficará realmente difícil debatermos isso, pois o senhor sabe o que é
Socialismo? Sabe o que é Social? Sabe o que é barato? Essa última pergunta acho
que o Senhor sabe, é o que está no seu contra cheque, e dentre muitas
semelhanças, essa é apenas mais uma que nos une. Sendo assim, quem sabe,
podemos discutir um pouco desse socialismo barato qualquer dia, e depois disso,
termos o entendimento claro de quem é quem. E sobre as urnas, essa é a nossa idéia,
mas para isso é preciso de Educação, por isso medo dela. A Educação pode
libertar, e fazer as pessoas votarem corretamente.
Não pretendo com esse
texto agredir ninguém, mas é também um desabafo, de alguém que ama a Educação,
e que sonha com dias melhores para a mesma. Nós professores, somos perigosos, o
nosso perigo está nos livros e no sentido de uma Educação libertária, aquela
mesma que pode fazer as pessoas pensarem. E em um Estado, onde pensar é
proibido, onde jornais manipulam o pensar das pessoas, Rede de Televisão tenta
manipular o que queremos, ser professor, virou uma profissão perigo. Mas tudo
bem, foi para isso mesmo que escolhi virar professor, para desafiar a lei do
estado, de que somos um nada. Somos professores, e a nossa profissão é levar o
mais importante senso da nossa existência, o conhecimento. Somos Professores,
somos a Educação.
parceiro, acredito que o ataque deve ser destinado a polícia sim...não aos policiais! A instituição PMERJ é um braço maldito da ditadura militar, utilizada sempre para garantir aos ditadores a permanência no poder, a manutenção dos interesses elitistas e, claro, calar a voz da revolução.
ResponderExcluirPara começarmos a trabalhar com a ideia de Estado Democrático Social de Direito, precisamos compreender a policia militar como um braço podre, que interfere no acesso a justiça e na democratização das relações sociais, cabendo, apenas, a sua extinção e a criação de uma polícia, unificada, que assegure não uma força militar do Estado para a sociedade, mas que seja uma força social do povo contra os "tentáculos" do Estado monstruoso...
Fica ae pra recordação, já temos projetos em trâmite no congresso nacional para a extinção da PM e a criação de uma força única.
abçs parceiro.
PS: parabens pelo blog...