No Dia da Educação
convido o amigo leitor a fazer uma reflexão sobre a própria educação, e o que
nos tornamos sem ela.
Hoje é o dia da educação, e pretendo fazer uma reflexão. Talvez escrever sem muitos planejamentos.
Para começar, a educação não tem um dia, ela pode ser lembrada todos os dias,
mas o dia 28 de abril foi a data da Cúpula Mundial de Educação realizada há dez
anos, em Dakar. O Dia da Educação existe para lembrarmos os objetivos a serem
alcançados em uma busca de um processo educacional para todos e com qualidade.
Porém, podemos com facilidade perceber que falta muito a ser alcançado.
Em âmbito nacional falta de tudo, mas
principalmente uma política educacional planejada, sem rodeios, e o melhor,
onde o profissional que pode propiciar este sonho seja valorizado. Trocando em
miúdos, nos falta educação. Somos um país com uma história confusa, e sem uma
identidade nacional. Somos o país do samba, do futebol e da maracutaia. Mas não
tenho dúvida que somos mais ainda o país dos sobreviventes, onde todos os dias insistimos
em não morrer, e fingir ser feliz. Com o passar dos anos, aprendemos a sermos
malandros, e a nos adaptar a qualquer situação. Aprendemos com Gérson a máxima
de que é legal levar vantagem sempre, nem que seja sobre a nossa própria
desgraça. Portanto é aí que pretendo me aprofundar. Qual a nossa maior
desgraça? Não ter educação. Não somos o país do conhecimento, e a verdade é que
a grande maioria não anseia por isso. O povo anseia por um lugar ao sol, mesmo
que isso signifique descansar depois de um dia de trabalho, com um pedaço de
carne a mesa e ver a novela, onde ele visualiza tudo que ele quer ter um dia,
mas sabe que não alcançará. Ele está controlado. Mesmo assim ele fala para o
filho que a escola é importante, mas não se interessa pelo desenvolvimento
escolar do pobre coitado. Ele entrega esse trabalho a escola, e espera
resultados, e se não obtiver, a culpa é do professor. Ele apenas faz o que
aprendeu a ser feito. Ele não entende que este desenvolvimento escolar é um
trabalho conjunto entre a escola e os responsáveis. E o melhor ,o sistema
acolhe esse pai, dizendo que o errado é a escola, por isso temos que produzir
mais, ou seja, inventar notas e atingir metas de produtividade. O sistema nos
apresenta avaliações de desempenho por meritocracia, fomentando um abono para
um salário miserável. E qual é o resultado disso tudo?
O resultado é simples, a falência moral da
escola. Fomos invadidos por burocratas e por demagogos. A educação passou a ser
uma maquiagem, e para piorar, com requintes de crueldade, assim como o programa
Mais Educação. Uma maneira absurda de se fazer dinheiro e de desviá-lo. São
inventadas coisas sem cabimento, e dão até notebooks para crianças que não vão
saber usá-los, e se souberem, pouquíssimos usarão para a coisa correta. Simultaneamente,
os governos tentam destruir os únicos que poderiam mudar esse quadro, os
professores e profissionais da educação. Achatam salários, desvalorizam o
trabalho e acabam com a motivação de se tentar fazer algo. Tudo isso com apenas
um motivo, acabar com as chances de se construir uma educação que faça a
população pensar, e conseqüentemente escolher seu próprio futuro, contestar a
sua sociedade, e o melhor, indicar idéias para melhorar o meio em que vive.
Fica claro que no país em que vivemos, os
governos, seja ele, federal, estadual ou municipal, precisa de uma população
burra para sobreviver. Uma população que pense e vota diferente, é uma ameaça
para os planos daqueles que pretendem se perpetuar no poder, e através dele
manter seus privilégios em detrimento do povo. Esse plano é orquestrado sim
pelos governos, gente alienada, elege alguns menos alienados que governarão
pelos seus próprios interesses, agredindo a vontade do povo, que até identifica
o problema, mas não sabe elucidá-lo, ou melhor dizendo, não tem forças, e por
muitas vezes não quer efetuar as mudanças. Isso pode ocorrer pela preguiça,
medo do novo, ou apenas pelo fato de ter sido ensinado a errar, e errar,
sempre, pois não teve educação.
No Dia da Educação façamos essa reflexão, a
educação é construída por todos, mas nós, profissionais da educação temos um
papel ainda mais importante, ser o primeiro a entender que não podemos
desistir. E não se enganem aqueles que pensem que a educação vai acabar por
falta de profissionais, o sistema já está preparando profissionais novinhos em
folha para atender seus anseios. O sistema se renova, e o nosso papel, é tentar
conscientizar e quebrá-lo ao meio. Isso pode parecer utópico, ilusório, mas me
diga uma coisa, o que a educação é para o mundo hoje? E nós continuamos
acreditando nela.