* Significado de Olheiro:
Empregado que observa os demais subordinados; espécie de capataz. Informador, o que tem como encargo informar o que vê.
http://www.dicio.com.br/olheiro/
Já sabemos que ser vereador não é apenas utilizar o título do “homem bonzinho”, aquele cara que faz seu assistencialismo político, para ter visibilidade em sua comunidade. Somos contra esse tipo de atitude porque vemos nela apenas oportunismo de um marketing político e mais nada.
Nossa opinião é que esse trabalho de grande valia comunitária seja prestado por entidades destinadas tal fim. Além disso, gostaríamos de denunciar a limitação de suas ações sufocadas por estes parasitas políticos que não desenvolvem seu verdadeiro papel enquanto vereadores. Muitas entidades não conseguem executar um trabalho melhor, devido esses atos de politicagem, que desfocam a real ideia das mesmas. Usar de um espaço, sério, comprometido com erradicação da miséria e com os trabalhos sociais para fazer política nos bairros, nos enoja, devido ao nosso apreço às políticas públicas vislumbradas por todos.
Na verdade esse não é o dever do candidato em que você votou. O ato de não saber trabalhar com a situação em que se encontra, no caso ser vereador, faz com o papel uniformizado por todos elementos da Câmara Municipal seja acrescido ao seu ofício.
Acredito ainda, que essas entidades filantrópicas estão sendo ocultadas e até perdendo a aceitação com a população no modo geral, por está infectadas de elementos ligados a estes vereadores. Falando em ocultismo, as coisas que fingem ser legais estão sendo desleais com nossa população.
Na minha inocência, não posso acreditar que “muitos olheiros” de vereadores - aqueles caras que ganham para montar rádios comunitárias, afixar faixas em postes, montar barracas de festas, ou agradecer ao prefeito por determinadas obras - possam ser pagos com o salário dos vereadores. De onde saia tanta grana? Uma outra pergunta, você sabe quanto ganha um cara desse?
De onde saí à grana posso até conjecturar, mas o valor do seu “soldo” tenho certeza que é bem maior do que o salário de um professor na rede pública municipal, cuja formação acadêmica e horas de trabalho são fixadas por lei. Além é claro do papel de educador, muito além do ser professor em sala de aula.
Não desmereço o trabalho árduo “dessa espécie”, é uma correria sua vida. Mas também não a vejo como profissão. Sei que o período do contrato é validado por cada eleição (vereador-deputado-prefeito). Sem o reconhecimento da profissão no Ministério do Trabalho e como não há concurso público para a situação, não há outro meio de impressionar e validar seu tempo, a não ser com seu ofício, bajular seu querido vereador.
Como ser um olheiro
Pra você ser um olheiro profissional, seleto, basta seguir estas dicas, mas por favor seja mais discreto, são elas:
- Está em dia com o ofício de vigiar as ruas, vasculhar se existe algum trabalho que pode tirar votos de seu vereador;
- Infiltrar nos trabalhos sociais que causam impacto com os jovens e as famílias em seu bairro;
- Ouvir o que dizem nas rádios ou criar uma “rádio comunitária”;
- Participar de uma associação de moradores e receber cargos dentro de alguma instituição;
- Se o seu vereador for de alguma denominação religiosa deve trilhar os mesmos caminhos e utilizar dos mesmos subterfúgios, fingir que gosta daquilo;
Vai aí a dica
Quem sabe daqui algum tempo você passa deste ofício para o de vereador, a raiz é a mesma?
Em meu bairro, Vista Alegre, apenas um recorte geográfico e político da situação, o assistencialismo arruinou toda tentativa de mudanças, ainda mais se você for um jovem politizado, com intenção de mudar a realidade de muitos outros. Eles estão infiltrados em diversas instituições de nossa cidade e como acontece no Big Brother, para ser líder é preciso jogar, é como os vereadores fazem com a população: jogam-na no buraco. Ou você está no seu grupinho, recebendo algumas vantagens tipo um asfalto melhor na porta de sua casa, se não pode esquecer.
Creio firmemente que podemos acabar com o modelo político ultrapassado, mas lhe aconselho fazer com cautela, pois podem lhe considerar como oportunista e partidário, pois é imagem que transmitem para nós. Vivem para isto, é o exemplo familiar que dão para a comunidade e seus filhos. Tentar mudar a realidade incomoda, veja bem o que disse, VOCÊ VAI INCOMODAR, pode ser chamado de radical ou até utilizarem uma palavra do vocabulário comum autoritário da ditadura militar dos anos 60, poderá ser chamado de subversivo, quer dizer contra o sistema.
Esses “tipos de vereadores” e “olheiros politiqueiros” fazem parte de um modelo negativo existente em nossa política. Não são democráticos, pois anulam sua luta social como legislador da cidade para se tornarem destruidores de projetos que poderiam mudar a vida de nossos jovens.
Mas como “Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia...” diga-se Lulu Santos em sua poesia, apropriada de uma frase do filósofo grego Demóstenes, assim buscamos as mudanças. Nossas famílias precisam entender que mudar um bairro ou uma cidade é preciso antes de tudo mudar o seu modo de fazer política, sobretudo, repudiar esses vícios clientelistas.
Elison Ribeiro
Professor de História
Morador do bairro Vista Alegre